Dando continuidade aos estudos a cerca das classes de espíritos, hoje vamos pondo fim ao mesmo, trazendo elucidações a cerca das cinco últimas classes elencadas pelos espíritos.
SEGUNDA ORDEM – ESPÍRITOS BONS
Características gerais. – Predominância do espírito sobre a
matéria; desejo do bem. Suas qualidades e poderes para o bem estão em relação
com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns têm ciência, outros a
sabedoria e a bondade. Os mais adiantados aliam o saber às qualidades morais.
Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam mais ou menos,
conforme a categoria que ocupem, os traços da existência corporal, assim na forma
da linguagem, como nos hábitos, entre os quais se descobrem mesmo algumas de
suas manias. De outro modo, seriam Espíritos perfeitos.
Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos
bons. São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os une
lhes é fonte de inefável ventura, que não tem a perturbá-la nem a inveja, nem
os remorsos, nem nenhuma das paixões más que constituem o tormento dos
Espíritos imperfeitos. Todos, entretanto, ainda têm de passar por provas, até
que atinjam a perfeição absoluta. Como Espíritos, suscitam bons pensamentos,
desviam os homens da senda do mal, protegem na vida os que se lhes mostram dignos
de proteção e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre aqueles
a quem não é grato sofrê-la.
Quando encarnados, são bondosos e benevolentes com os semelhantes.
Não os movem o orgulho, nem o egoísmo, ou a ambição. Não experimentam ódio,
rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem. A esta ordem pertencem os
Espíritos designados, nas crenças vulgares, pelos nomes de bons gênios, gênios
protetores, Espíritos do bem. Em épocas de superstições e de ignorância, eles
hão sido elevados à categoria de divindades benfazejas. Podem, igualmente, ser
divididos em quatro grupos principais:
Quinta classe. ESPÍRITOS BENÉVOLOS. – A bondade é neles a
qualidade dominante. Apraz-lhes prestar serviço aos homens e protegê-los.
Limitados, porém, são os seus conhecimentos. Hão progredido mais no sentido
moral do que no sentido intelectual.
Quarta classe. ESPÍRITOS DE CIÊNCIA – Distinguem-se
especialmente pela amplitude de seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as
questões morais, do que com as de natureza científica, para as quais têm maior
aptidão. Entretanto, só encaram a Ciência do ponto de vista da sua utilidade e
jamais dominados por quaisquer paixões próprias dos Espíritos imperfeitos.
Terceira classe. ESPÍRITOS DE SABEDORIA – As qualidade
morais da ordem mais elevada são o que os caracteriza. Sem possuírem ilimitados
conhecimentos, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes faculta juízo
reto sobre os homens e as coisas.
Segunda classe. ESPÍRITOS SUPERIORES – Esses em si reúnem a
ciência, a sabedoria e a bondade. Da linguagem que empregam se exala sempre a
benevolência; é uma linguagem invariavelmente digna, elevada e, muitas vezes,
sublime. Sua superioridade os torna mais aptos do que os outros a nos darem as mais
justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é
permitido ao homem saber. Comunicam-se de bom grado com os que procuram de
boa-fé a verdade e cuja alma já está bastante desprendida das ligações terrenas
para compreendê-la. Afastam-se, porém, daqueles a quem só a curiosidade impele,
ou que, pela influência da matéria, são desviados da prática do bem. Quando,
por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso e, então,
nos oferecem o tipo da perfeição a que a Humanidade pode aspirar neste mundo.
PRIMEIRA ORDEM – ESPÍRITOS PUROS
Características gerais. – Nenhuma influência da matéria. Superioridade
intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.
Primeira casse. Classe única. – Os Espíritos que a compõem percorreram
todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria.
Tendo alcançado a soma de perfeição de que é susceptível a criatura, não têm
mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação
em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.
Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos
às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, porém,
não é a de ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua contemplação. Eles
são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para
manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são
inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas
missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação
das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles
ocupação gratíssima.
São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou
serafins. Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente
presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.
Fonte: Revista Espírita, Ano I, Fevereiro de 1858, nº. 2 - Allan Kardec