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sábado, 9 de julho de 2016

Incoerência Mediúnica



"Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!"
Mateus 7:15-20


Falar da mediunidade é sempre uma tarefa desafiadora frente à quantidade imensa de obras que retratam o assunto com profunda clareza e estudo. Porém, hoje nos propomos a comentar algo que vem nos chamando a atenção, e do qual é assunto que pensamos muito, sendo assim, viemos dividir nossos pensamentos com todos que buscam o estudo e o discernimento a cerca da realidade espiritual.

A mediunidade, a nosso ver, que hoje é exercida ativamente por muitos de meus irmãos, tem aos poucos perdido sua verdadeira essência, isto é, a manifestação do espírito para a caridade, e dado lugar ao interesse pelo fenômeno que os diversos tipos de faculdades mediúnicas podem oferecer, principalmente quando falamos do fenômeno da incorporação. Desta forma, surgem Caboclos, Pretos-Velhos, Exus, Doutores, Hindus e até mesmo Espíritos Extra Terrenos incorporando nos médiuns para o trabalho caritativo, todos catalogados por nós como espíritos de elevada estirpe espiritual.

Sendo assim, na hora marcada o fenômeno da incorporação entra em cena, e dá-se mais atenção à forma como se da a manifestação, no trejeito que o médium esboça frente à mesma, do que na mensagem que o espírito trás. E assim, acabamos por esquecer alguns dos princípios básicos catalogados por Allan Kardec, e falamos amém para tudo que o espírito manifestante “fala”.

Kardec, Ramatís, André Luiz, e tantos outros amigos da humanidade nos elucidam em suas obras que a nossa moral tem total influência sobre o tipo de espírito que atraímos para perto de nós, que a forma como agimos e como conduzimos nossa vida determina o tipo de companhia espiritual, podendo ela ser tanto de espíritos benfeitores como de espíritos com propósitos não tão nobres como imaginamos.  E é exatamente neste ponto que chamamos a atenção de meus irmãos para a reflexão, pois nos perguntamos como pode espíritos ditos como elevados, respeitados por suas obras, nobres e amorosos incorporarem em médiuns que nem ao menos se esforçam para pautar suas ações em uma boa moral ou ética?

Como pode um Preto-Velho, espírito que alcançou determinada sabedoria em sua caminhada evolutiva, incorporar em um médium para falar de amor, de perdão, de renúncia e indulgência, se este mesmo médium, após a desincorporação, usa da língua para falar mal de outrem, da arrogância, vaidade ou ainda trata seu semelhante com desprezo? Será que a Lei de Afinidade Vibratória, para este médium, não é válida? Eis aí o que chamamos de incoerência mediúnica.

Desta forma, surgem trabalhos, atendimentos e até mesmo livros dos mais diversos, assinalados por entidades espirituais, sob o pretexto de auxiliar o homem na sua marcha evolutiva, mas que ao invés disso apenas confundem o homem frente a tantas contradições.

Irmãos, tal reflexão aqui exposta não é para julgar os trabalhos de nossos semelhantes, mas para alertar aos carentes do amparo, que muitas vezes, por se encontrarem fragilizados, acabam “por levar gato por lebre”, e para que prestem atenção onde estão se metendo, pois infelizmente o homem começou a utilizar, sob influência dos espíritos com propósitos contrários ao bem, nomes de espíritos renomados por suas obras, para ludibriarem os adeptos das religiões.

Aqui é utilizado o nome de Bezerra de Menezes em uma manifestação, acolá é utilizado o nome de Ramatís, ali encontramos Pai João, Pena Branca, entre outros, e lá vemos a ilusão em nome Jesus. Nenhum nome escapa ao desrespeito dos que querem tirar proveito, nem que seja de títulos como os de sacerdote, dirigente ou cacique. Porém, “aos que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir” tal ilusão não encontra alvo para acertar.

Portanto, sejam críticos, analisem a postura e a conduta dos dirigentes e médiuns antes de dizerem amém para tudo que as entidades incorporadas neles falam, vejam se o que eles pregam bate com a sua postura no dia-a-dia. Com o passar do tempo esquecemos a postura que Allan Kardec tomava frente às manifestações, resgatemos tal postura e com certeza enxergaremos com mais clareza e bom senso o caminho que nos guiará aos degraus da evolução que levam ao Criador. Sem fanatismo, dogmas ou tabus, mas com Estudo, Discernimento e Bom Senso.