"Cuidado com os
falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro
são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém
colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? Semelhantemente, toda
árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não
pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que
não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos
vocês os reconhecerão!"
Mateus 7:15-20
Falar da mediunidade é sempre uma tarefa desafiadora frente
à quantidade imensa de obras que retratam o assunto com profunda clareza e
estudo. Porém, hoje nos propomos a comentar algo que vem nos chamando a
atenção, e do qual é assunto que pensamos muito, sendo assim, viemos dividir
nossos pensamentos com todos que buscam o estudo e o discernimento a cerca da
realidade espiritual.
A mediunidade, a nosso ver, que hoje é exercida ativamente
por muitos de meus irmãos, tem aos poucos perdido sua verdadeira essência, isto
é, a manifestação do espírito para a caridade, e dado lugar ao interesse pelo
fenômeno que os diversos tipos de faculdades mediúnicas podem oferecer,
principalmente quando falamos do fenômeno da incorporação. Desta forma, surgem
Caboclos, Pretos-Velhos, Exus, Doutores, Hindus e até mesmo Espíritos Extra
Terrenos incorporando nos médiuns para o trabalho caritativo, todos catalogados
por nós como espíritos de elevada estirpe espiritual.
Sendo assim, na hora marcada o fenômeno da incorporação
entra em cena, e dá-se mais atenção à forma como se da a manifestação, no
trejeito que o médium esboça frente à mesma, do que na mensagem que o espírito
trás. E assim, acabamos por esquecer alguns dos princípios básicos catalogados
por Allan Kardec, e falamos amém para tudo que o espírito manifestante “fala”.
Kardec, Ramatís, André Luiz, e tantos outros amigos da
humanidade nos elucidam em suas obras que a nossa moral tem total influência
sobre o tipo de espírito que atraímos para perto de nós, que a forma como
agimos e como conduzimos nossa vida determina o tipo de companhia espiritual,
podendo ela ser tanto de espíritos benfeitores como de espíritos com propósitos
não tão nobres como imaginamos. E é exatamente
neste ponto que chamamos a atenção de meus irmãos para a reflexão, pois nos
perguntamos como pode espíritos ditos como elevados, respeitados por suas obras,
nobres e amorosos incorporarem em médiuns que nem ao menos se esforçam para
pautar suas ações em uma boa moral ou ética?
Como pode um Preto-Velho, espírito que alcançou determinada
sabedoria em sua caminhada evolutiva, incorporar em um médium para falar de
amor, de perdão, de renúncia e indulgência, se este mesmo médium, após a
desincorporação, usa da língua para falar mal de outrem, da arrogância, vaidade
ou ainda trata seu semelhante com desprezo? Será que a Lei de Afinidade
Vibratória, para este médium, não é válida? Eis aí o que chamamos de
incoerência mediúnica.
Desta forma, surgem trabalhos, atendimentos e até mesmo livros
dos mais diversos, assinalados por entidades espirituais, sob o pretexto de
auxiliar o homem na sua marcha evolutiva, mas que ao invés disso apenas
confundem o homem frente a tantas contradições.
Irmãos, tal reflexão aqui exposta não é para julgar os trabalhos
de nossos semelhantes, mas para alertar aos carentes do amparo, que muitas
vezes, por se encontrarem fragilizados, acabam “por levar gato por lebre”, e
para que prestem atenção onde estão se metendo, pois infelizmente o homem
começou a utilizar, sob influência dos espíritos com propósitos contrários ao
bem, nomes de espíritos renomados por suas obras, para ludibriarem os adeptos
das religiões.
Aqui é utilizado o nome de Bezerra de Menezes em uma
manifestação, acolá é utilizado o nome de Ramatís, ali encontramos Pai João,
Pena Branca, entre outros, e lá vemos a ilusão em nome Jesus. Nenhum nome
escapa ao desrespeito dos que querem tirar proveito, nem que seja de títulos
como os de sacerdote, dirigente ou cacique. Porém, “aos que tem olhos de ver e
ouvidos de ouvir” tal ilusão não encontra alvo para acertar.
Portanto, sejam críticos, analisem a postura e a conduta dos
dirigentes e médiuns antes de dizerem amém para tudo que as entidades
incorporadas neles falam, vejam se o que eles pregam bate com a sua postura no
dia-a-dia. Com o passar do tempo esquecemos a postura que Allan Kardec tomava
frente às manifestações, resgatemos tal postura e com certeza enxergaremos com
mais clareza e bom senso o caminho que nos guiará aos degraus da evolução que
levam ao Criador. Sem fanatismo, dogmas ou tabus, mas com Estudo, Discernimento
e Bom Senso.