Salve salve meus irmãos, abordaremos hoje um tema bem interessante, porém causador de muita polêmica e controvérsias, o assunto tratado será sobre as oferendas e despachos nas encruzilhadas.
Primeiramente vamos informar a vocês, caros irmãos, a respeito do que se trata as tão famosas encruzilhadas. Dentro da Umbanda, tratando-se de encruzilhadas, ouvimos muitas coisas, no entanto pouquíssimas tem fundamento, devido a grande desinformação de seus praticantes. Para que possamos compreender um pouco mais sobre as encruzilhadas, devemos entender primeiramente o seu aspecto energético.
A encruzilhada nos quais ouvimos que Exu e Pomba-gira trabalham, nada mais é, do que o encruzamento energético entre a Razão e a Emoção, no qual a razão é um aspecto tratado por Exu e a emoção um aspecto tratado por Pomba-gira. Somente com essas informações já perde-se totalmente o sentido de que esses espíritos estão a espera de oferendas e despachos nas encruzilhadas das ruas.
Sabemos que todo o Orixá tem um ponto de força na natureza, e com o Orixá Exu e Orixá Pomba-gira não seria diferente, mas será mesmo que as encruzilhadas urbanas são um ponto de força propício para nos dirigirmos até eles e fazer um ato religioso-magístico nos mesmos? Será que a encruzilhada, nesta representação de dois caminhos se cruzando, não seria algo simbólico? Não seria mais fácil os praticantes de Umbanda, em seus próprios templos, construírem uma pequena representação de uma encruzilhada, se assim julgarem extremamente necessário um ponto de força para Exu e Pomba-gira? E se não tem espaço físico ou condições financeiras para construírem um espaço assim, não poderiam estes fazerem uma cruz riscada com a Pemba em frente seu firmamento da esquerda, e ali oferendarem as entidades e Orixás dentro de seu espaço sagrado? E se for necessário ir até a natureza a pedido de alguma entidade para oferendar algum elemento, não vale a pena lembrar-nos que Exu e Pomba-gira estão em todos os lugares, pois guardam e defendem todos os pontos de forças dos Orixás? Sendo assim, não podemos oferendar entidades ou Orixás na natureza e não no meio urbano?
Tratando-se ainda do aspecto energético, as oferendas expostas ao tempo na natureza, devidamente feitas e colocadas para fins nobres, tem um tempo de duração, ou seja, os espíritos que atuam nos pontos de forças da natureza, utilizam a contra-parte energética da oferenda em torno de algumas horas, assim toda energia que havia naqueles elementos foi esgotada, podendo levar tudo para o lixo, não sendo necessário deixar um elemento se quer no local onde foi feito a mesma. Indo mais adiante, e falando das entidades que fazem a guarda das ruas e das cidades, os tão famosos Exus e Pomba-giras, será que realmente eles ficam plantados nas encruzilhadas esperando algum despacho para se alimentarem ou atender barganhas?
Nada disso faz sentido perante ao grandioso trabalho que essas entidades manifestam aqui na Terra. Nenhum Exu ou Pomba-gira, comprometidos com a Lei e a Justiça Divina, se prestam para tal feito. O trabalho deles consiste em manter o equilíbrio energético das ruas, trazer a segurança para aqueles que transitam por elas, trazer a segurança para os moradores dos bairros, e ainda exercitam a função de efetuar a limpeza das cidades e das energias densas que nós mesmos criamos e mantemos. As únicas entidades que iriam realmente se ligar as pessoas que se dirigem a esses locais para despachar, pinga, farofa, charuto, quando não colocam um animal morto, são quiumbas, ou seja, espíritos levianos, vinculados a sensações materiais, e que necessitam dessas energias mais densas para desempenharem seus planos sombrios.
Justamente por causa da desinformação e da confusão que os praticantes da Umbanda e de outras religiões de matriz africana fazem nas encruzilhadas, a um bom tempo que os Exus e Pomba-giras de Lei já vem tendo trabalho em isolar energeticamente esses pontos, para que assim nenhum marginal do astral possa se beneficiar desses despachos, somente o que fica ali apodrecendo e sujando as ruas são os restos físicos dos elementos.
Falando num aspecto de bom senso e educação que devemos ter para com o próximo, tomar atitudes como estas de colocar lixo no meio das ruas, somente comprova como essas pessoas são ignorantes e desrespeitosas para com o meio onde vivem. E as pessoas que passam por ali, que não são obrigadas a verem lixo espalhado pelo chão e nem sentirem o fedor dos restos que apodrecem no tempo, como ficam as mesmas?
Vamos imaginar agora como se tudo isso que falamos aqui fosse bobagem, e que a encruzilhada no meio urbano fosse realmente um local propício para se fazer oferendas e despachos. Sabemos que nem todas as pessoas tem uma visão aberta das coisas, e ainda existe muito preconceito na mente e no coração das pessoas. Agora pensem conosco, será que algo que você faz com todo o amor e carinho, em agradecimento, ou pedindo o amparo para estas entidades, traria uma boa energia para você, já que muitos que passam por ali não tem a mesma intenção que você? E ainda aqueles que despejam maus pensamentos, será que não influenciariam no aspecto energético da sua oferenda?
E será que em pleno 2014, com as pessoas cada vez tendo maior consciência ecológica e se importando em cuidar do ambiente em que vivem, seriam atitudes inteligentes deixar lixo no local que pensa ser sagrado para Orixá ou entidade? Será que os Orixás, como forças da natureza e as entidades, como espíritos desencarnados que não mais utilizam elementos materiais, iriam gostar de ter seu ponto de força sujos? Você gostaria de ter sua casa suja? E se fosse ao contrário, onde após você desempenhar uma bela tarefa perante a vida, as entidades te trouxessem todas essas oferendas e despejassem na sua piscina, na bonita fonte que você tem na sua casa, no seu pátio, no seu quarto, você iria achar agradável? Quem terá que limpar, eles ou você? Pense nisso!