Páginas

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A ação da chuva em uma ótica Umbandista

Salve a todos. Hoje o Luz na Umbanda vem falar sobre algo muito comum aos nossos olhos, porém, pouco comentado dentro do meio umbandista, tendo em vista sua grande abrangência e complexidade referente aos aspectos energéticos/espirituais. Trata-se da ação das chuvas em uma visão espiritual.

Dentro da Umbanda, uma religião espiritualista que estuda as diversas leis da natureza, sejam elas físicas ou extrafísicas, vemos muito pouco se falar e se aprofundar nos aspectos energéticos e espirituais de uma das forças da natureza que é tão comum nas nossas vidas, a chuva. Ficamos muitas vezes somente nas lendas, tratando questões complexas como se fossem manias ou cacoetes de Orixás, que acabam por ser humanizados, esquecendo-nos de ir a fundo nos vastos campos das Leis Universais que regem as forças da natureza.

Muitos adeptos da Umbanda ainda tem uma visão infantil a respeito das forças da natureza, carregando a imagem de divindades humanizadas, achando ainda que, no céu existe um grande homem sentado em um trono comandando os seres humanos e o nosso planeta a seu bel prazer, ou ainda, toda vez que chove, imaginam uma mulher nos céus, na figura de Santa Bárbara, jogando raios, fazendo chover e ventar. Será que uma força da natureza tão grande se resumiria a um simples hábito de Orixá? E ainda, será que Orixá tem hábitos?

Não, e não! Como já tratamos em outros posts, sabemos que Orixás são forças Universais e Cósmicas, essências e qualidades divinas que nos sustentam e nos regem durante o tempo todo e em todas as dimensões criadas por Deus, e nosso caso, no planeta Terra. Dentro disso, conseguimos enxergar as forças da natureza como ações que visam manter o equilíbrio de toda uma criação, seja ora criando e ora destruindo, ou quem sabe, transformando ou renovando. A força das chuvas não escapam a essa concepção, sendo assim, o seu acontecimento possui uma lógica, um porque e um momento certo de acontecer, visando determinados fins dentro da criação.

É correto enxergarmos a ação das chuvas dentro da força de nossa Mãe Iansã, mas é preciso entender o porque dessa força da natureza se encaixar dentro da essência eólica regida por essa Mãe Orixá. Podemos destacar na atuação das chuvas, nos diferentes tipos das mesmas, a ação de três qualidades de nossa Mãe Iansã, sendo estas, Logunã (Oyá Tempo), Egunitá e Iansã. Entendendo os Orixás como qualidades divinas e manifestadoras de essências que partem diretamente do Criador, nós podemos compreender que, na ação da chuva, está presente a força do Tempo (Logunã), que no momento certo e na hora certa direciona a quantidade exata de forças e as movimenta (Iansã) ordenadamente  para um determinado fim (Egunitá).

Agora podemos enxergar o porque, de em uma determinada região de um país, chover uma quantidade e intensidade, enquanto em outra região do país as condições serem totalmente adversas. Para cada local, seja país, estado ou cidade, é necessário um tipo de ação da natureza, nesse caso, a chuva, que age de acordo com a situação do mesmo. Esta situação é verificada de acordo com as cargas energéticas e espirituais, originadas das ações, pensamentos e emoções geradas naquela região por seus habitantes. Vemos que o motivo das chuvas ocorrerem não é somente para regar as plantações, encher rios e represas, embora exista tal necessidade, a natureza em parceria com os espíritos superiores, aproveitam as forças da chuva para estes e outros fins.

Peguemos uma cidade, com mais ou menos seiscentos mil habitantes, onde cada uma dessas pessoas gera pensamentos e emoções no decorrer de seu dia, nas 24 horas do mesmo. Imaginemos como uma figura meramente ilustrativa, onde cada pensamento e sentimento gerado por uma pessoa possui 1 kg, e que cada pessoa no seu dia gere em média 1.000 kg de pensamentos/sentimentos. Multipliquemos esse número por seiscentos mil habitantes, e ainda, por trinta dias, dará um número expressivamente grande, e uma carga muito pesada. Dentro de todos essas energias, existem aquelas que são de boa qualidade, que não precisam ser recicladas, porém, em maioria esmagadora estão as energias prejudiciais, que necessitam de constante reciclagem. 

Para lidar com as mesmas, existem diversas classes de espíritos trabalhadores no bem, que atuam diariamente nas cidades, direcionando boa parte dessas energias para os devidos locais de tratamento, são estes, os tão mal compreendidos e difamados Exus e Bombogiras, que com extrema força e maestria, lidam com todo este "peso" energético, saneando os locais onde atuam. Porém, existem situações e períodos durante o ano terrestre que geram certas reações emocionais e comportamentais nos seres humanos, reações essas diversas, podendo ser positivas ou negativas, harmoniosas ou violentas. Podemos visualizar esses períodos em datas festivas, datas revolucionárias (manifestos e eleições), eventos mundiais (esportes ou congressos), dentre outros. Cada acontecimento possui uma natureza, que desperta dentro de cada ser humano, de acordo com sua situação emocional, um tipo de energia.

Nestes períodos, ditos extraordinários, ocorrem sobrecargas de energias nas cidades, estados e países, assim, os trabalhadores espirituais que estão encarregados de sanear a energia desses locais, necessitam de uma ferramenta a mais, para lidar com esse peso sobressalente. Deus em sua perfeição, nessas ocasiões, disponibiliza forças e energias da natureza, com diversos tipos de qualidades, a fim de serem utilizadas para manter o equilíbrio de Sua criação. Estas forças que contém suas essências energéticas, são primeiramente manipuladas e direcionadas na força dos Orixás, que são adequadas à situação. Espíritos extremamente gabaritados, em cooperação, e manipulando os elementais da natureza, direcionam essas forças divinas da melhor maneira para a limpeza e auxílio às cidades, estados e países.

Desta forma vemos a importância da chuva, onde para cada situação energética de um local, um tipo de chuva ocorre no mesmo, como por exemplo, as chuvas torrenciais, que apresentam grande quantidade de chuva, com ventos e raios, por um curto período de tempo, nesse tipo enxergamos a atuação forte dos ventos de Iansã e os raios de Egunitá, que servem para desagregar e dissipar, de forma rápida, os bolsões de energias densas e coaguladas que pairam sobre os locais. Também existem as chuvas que ocorrem por um período de tempo mais longo, sem ventanias e raios, onde encontramos a ação de Logunã e Oxumaré, diluindo as energias densas de forma paulatina, promovendo uma cura e renovação energética ao local atingido por esse tipo de chuva. Ainda temos as chuvas com ventos e trovões, onde acontece a ação de Xangô e Iansã, equilibrando e purificando o mental e emocional dos seres, e energias dos locais.

Na força da chuva, encontramos os elementais Silfos e Sílfides, nas forças de Iansã e Logunã, movimentando as massas de ar na força dos ventos, vemos também a atuação das Salamandras, nas forças de Xangô e Egunitá, dentro dos raios e trovões, que direcionam o elemento ígneo dentro das chuvas. Para que ocorram a atuação dos elementais, necessita-se de espíritos exímios na manipulação dos mesmos e das forças de Orixá, onde vemos a atuação dos enviados e enviadas dos Pais e Mães Orixás.

Tendo em vista tudo que já foi falado, podemos enxergar a importância e a grandeza das forças da chuva, em seus diferentes tipos. Vemos também o quanto é extenso e complexo o assunto, quando se trata das forças da natureza, assim, precisamos sempre nos aprofundar nos estudos das Leis naturais que nos regem, deixando de lado a visão que tende a humanizar e mistificar os Orixás e suas forças. Somente assim, estudando e destrinchando o vasto campo das ações energéticas e espirituais da natureza, começaremos a compreender o porque da utilização destas forças nos elementos ritualísticos e magísticos da nossa Umbanda. Compreendendo a grandeza e como se dão as forças da natureza, podemos entender o porque de um Guia de Umbanda, ao manifestar-se em um terreiro, pede, por exemplo, água da chuva de tempestade, e não uma água da torneira ou de um rio, ele pede essa água, pois, os processos que geraram a mesma garantiram a ela uma característica energética específica, que aquele trabalho que o guia está realizando é necessário.

Com um pouco de conhecimento e bom senso, começamos a enxergar a sabedoria e o preparo que os guias espirituais possuem para manipular e utilizar essas energias da natureza em nosso benefício. Para que um espírito consiga manipular essas forças, necessário é que o mesmo passe por um grande período de estudo, experimentação e aprimoramento na manipulação das Leis da Natureza.

Como já diz o ponto cantado:
"Umbanda tem fundamento, é preciso preparar"