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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Os Caminhos da Umbanda

Salve salve irmãos, hoje viemos falar sobre um assunto talvez polêmico, porém, necessário a todos nós para entendermos a Umbanda. Trata-se dos diversos caminhos trilhados pelos umbandistas desde que a Umbanda foi anunciada.


Em 1908 a Umbanda vem anunciada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas para o seguinte objetivo, "manifestar o espírito para a caridade" para falar aos mais cultos e aos mais humildes, aos de condição social mais favorável e aos excluídos, e a ninguém iria negar a oportunidade de esclarecimento, conforto e trabalho no bem. Desde então vemos diversos caminhos sendo tomados pelos que se dizem umbandistas, uns mais de acordo com os fundamentos passados pelo fundador da Umbanda, outros nem tanto, mas analisando esses caminhos, vale a reflexão a se fazer, sem se esquecer de que, nas palavras do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, do qual disse que a religião fundada iria perdurar até o fim dos tempos, nos perguntamos: Como se encontra o panorama umbandista nos tempos atuais?

Nesse momento, vemos dentro da seara umbandista, diversas "Umbandas", sendo elas, Umbandomblé, Umbanda Branca, Umbanda Cruzada, Umbanda Preta e Vermelha, Umbandaime, Umbanda Esotérica, Umbanda Sagrada, Umbanda isto e Umbanda aquilo, ressaltando aqui que, todas que se encontram dentro dos fundamentos da Umbanda são louváveis, porém, questionamos se o movimento de Umbanda criando diversos partidos umbandistas, dentro da própria religião, não acabou incorrendo no erro que praticamente todas as religiões do nosso planeta, e todo o ser humano ao longo da história cometeu, onde ao invés de se unir e somar, acaba por criar o separatismo?

Não estamos aqui para dizer que tais atitudes, em se tratando de criação de segmentos dentro da Umbanda, são erradas ou certas, mas somente queremos criar uma reflexão, onde possamos analisar quais foram realmente as necessidades e objetivos da criação da Umbanda no Brasil. Queremos demonstrar que o que importa dentro da nossa vertente religiosa, a Umbanda, é a manifestação do espírito para a caridade, dentro de um bom senso e preparo daqueles que irão trabalhar na mesma, porém, sabemos que uma religião que tem a missão de perdurar até o fim dos tempos, não alcançará êxito nesse objetivo se não renovar-se constantemente, ou seja, caminhar de mãos dadas com o progresso.

Tendo em vista o que citamos acima, paremos para pensar e analisar essas diversas umbandas, e ver quais das mesmas tem caminhado o mais próximo possível do caminho apontado e traçado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Vendo quais dessas tem apresentado renovações de conceitos que não descaracterizam a essência da Umbanda, onde estará sempre presente a oportunidade de esclarecimento e auxílio a todo e quaisquer ser vivente que nela aportar. Quais das mesmas não tem confundido ao longo dos anos rito com fundamento? Perguntamos isso, pois muitas vezes vemos irmãos que adicionam diversos procedimentos dentro de seus rituais, e os interpretam como fundamentos indispensáveis da Umbanda, porém, muitos desses ritos e procedimentos implantados nem sempre condizem com os fundamentos passados pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, isso quando não vão totalmente de encontro aos mesmos.

Existem os segmentos que querem o exclusivismo dos conhecimentos, das realidades espirituais, e muitas vezes, até dos tratamentos, escolhendo a dedo quem é apto ou não a trabalhar ou receber auxílio dentro dos seus terreiros. De um outro lado, existem aqueles que aceitam a tudo e a todos dentro de seu Centro, porém, se esquecendo que necessita-se fundamentalmente de estudo e preparo dentro de sua casa, para que assim, o caos, os dogmas, e as práticas descabíveis não tomem conta da mesma.

Assistimos também, verdadeiras batalhas de argumentos, supostas verdades universais, purezas doutrinárias, e quando não, até agressões entre os "camaradas" umbandistas. Nesses casos visualizamos nitidamente o tão famoso separatismo, atingindo sacerdotes, trabalhadores de casas umbandistas que deveriam, ao invés de se digladiarem por suposta razão, darem as mãos e se fortalecerem no caminho em que resolveram abraçar.

E no tocante ao estudo, visualizamos as casas que infelizmente adotam a postura de uma suposta oralidade, ou seja, onde os conhecimentos apenas são passados boca a boca e que, os Guias devem fazer tudo. Nesses casos, que são os mais comuns em sua maioria, vemos as distorções de ensinamentos passados por supostos "guias" incorporados em seus médiuns, vemos a dominação dos ignorantes através do medo, e o incentivo a dependência mental e emocional de praticantes e frequentadores dos terreiros à supostas "entidades". Nitidamente nesses casos vemos a cristalização de sacerdotes, trabalhadores e frequentadores, que se mantém parados no tempo, e muitas vezes, em caminhos bem distantes ao caminho mestre apontado pelo fundador da Umbanda. Tais Centros, tem como tendência, ao longo do tempo, fecharem suas portas, ou na pior das hipóteses, escancararem as mesmas para a magia negativa.

Apontando diversas situações encontradas no atual cenário umbandista, não queremos aqui expressar uma imagem de negativismo da nossa amada Umbanda, pelo contrário, queremos com estas palavras alertá-los. A Umbanda sempre possuiu e possui vasto campo de estudo e trabalho a se explorar, ora! se é uma religião que vai perdurar até o fim dos tempos, e sempre caminhou de mãos dadas com o progresso, por acaso a mesma não se encontra em processo de renovação? Sim, encontra-se em tal processo, e nitidamente nos últimos 20 anos, vemos essa renovação com mais rigor. Existem casas e líderes dentro da nossa Umbanda que buscam sim o progresso e a sua renovação, visando atuarem, cada vez mais de acordo com o caminho apontado pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, e ainda, em maior concordância consciencial com o ser humano dos dias atuais.

Não basta mais uma fé cega, e pessoalmente, acreditamos que nunca bastou, pois cada vez mais notamos que o ser humano exige uma resposta pautada no bom senso e na razão para descobrir e se guiar nos caminhos que ainda desconhecem. É cada vez mais difícil controlar e persuadir pessoas, para aqueles que estão estagnados na ignorância, através do medo. O real papel de uma religião é de religar o seu seguidor à Deus, e possibilitá-lo de conhecer a si próprio, e assim, se colocar em concordância com a Lei do Amor, que é a Lei que rege todo o universo.

A Umbanda renovada e em constante progresso, dá cada vez mais para o seu trabalhador e o seu fiel, ferramentas para se comunicar com as verdades divinas, retirando assim, a imagem de que, para os mesmos se melhorarem, necessitam de um suposto "escolhido" de Deus, que detém as verdades e a comunicação com as divindades. Assim, o trabalhador e o frequentador da Umbanda, cada vez mais, tem condições e ferramentas para se elevarem à Deus, sabendo que Deus ouve e vê a todos como filhos iguais. Cada vez mais a figura do sacerdote, dentro da seara umbandista, será vista como um facilitador, um líder, que apenas aponta caminhos, esclarece, estabelece ordem e ampara àqueles que são acolhidos pelo mesmo, dando assim o preparo para cada um exercer o seu papel dentro de um terreiro e dentro da sua vida.

Aquele que na figura de um líder, dirigente, sacerdote, babalaôh, seja qual título levar, aponta as diferenças de demais segmentos religiosos com fins de denegrir a imagem dos mesmos, incorrendo em pré-conceitos, acaba indo contra o sentido de qualquer religião, que como já dissemos, é de religar o homem à Deus.

Devemos nos atentar que o progresso dentro da Umbanda, nunca irá discordar e ter como objetivo modificar as diretrizes mestres da mesma, somente agregará ferramentas mais sofisticadas para seus trabalhadores desempenharem seu trabalho, caminhando pelos mesmos trilhos traçados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. O umbandista, na nossa opinião, mais feliz e seguro do seu caminho, é aquele que sente e pratica a UMBANDA!