Salve os amigos leitores, desejamos fazer uma pergunta a vocês. Você sabe o que realmente significa a "Besta" descrita no livro do Apocalipse? E ainda, o que significa e como pode se dar a "Vitória sobre a Besta"? Leia o texto e entenda um pouco mais sobre esse livro bíblico tão mal compreendido por muitos.
“Quem faz injustiça, faça-a ainda; quem está sujo, suje-se
ainda; quem é justo, justifique-se ainda; e quem é santo, santifique-se
ainda.Eis que venho à pressa; e está comigo a minha recompensa para retribuir a
cada um segundo as suas obras”. (Apocalipse 22: 11-12)
Pensando um pouco sobre a passagem citada a cima, e
relacionando as barbáries que vemos acontecer nos dias atuais, com os “sujos”,
mas também, entendendo que há gente boa e esforçada no caminho do bem, sendo
eles os “justos”, que a passagem bíblica cita, procuramos entender o porquê tem
ocorrido essas “sujeiras” todas. Ao analisar o livro “Mensagens do Astral” do
irmão Ramatís, acreditamos entender um pouquinho mais sobre essas ocorrências,
e observamos ainda o que realmente significa a “Besta” descrita no livro do
Apocalipse. Entretanto, não viemos somente trazer algo que possa assustar os
irmãos de boa vontade, pois na última pergunta dessa leitura, o irmão Ramatís
nos elucida como conseguimos vencer a “Besta”, ou melhor, vencer nossas próprias
paixões inferiores e sentimentos mesquinhos.
Os tempos são chegados, mas ainda há tempo de escolhermos
nos melhorarmos, e sermos os trabalhadores da última hora, ao invés de sermos
mais um na manada bestial.
PERGUNTA: - Qual o simbolismo que encerra a figura da
"Besta", descrita no livro do Apocalipse, que faz parte da Bíblia?
RAMATÍS: - A figura da Besta, descrita por João Evangelista
no último livro que faz parte da Bíblia, intitulado "Apocalipse", é
um simbolismo do desregramento a que há de atingir o vosso mundo, conjugando-se
a todas as paixões inferiores e formando uma só consciência coletiva, composta
das criaturas invigilantes. Simboliza um comando pervertido, ou seja a
dominação por parte de um grupo que submeterá aos seus caprichos determinada
quantidade de seres.
A Besta assemelha-se a um cardume de peixes, a um bando de
gafanhotos ou a uma alcatéia de lobos, espécies coletivas do reino animal, que
agem sob um mesmo caráter instintivo, movendo-se pela ação diretora de um só
psiquismo, com suas reações perfeitamente idênticas. É um agrupamento que
difere dos conjuntos animais de mais adiantamento, como os do cão, do gato ou
do cavalo, em que se pode verificar a fragmentação da "consciência de
grupo", pois alguns componentes dessas espécies revelam reações, gostos e
preferências nitidamente individuais. Há na espécie canina, por exemplo, certos
tipos de animais que se distinguem do conjunto, revelando emoções à parte; há o
cão destemido, que ataca de frente, e há o cão traiçoeiro, vingativo, que agride
pela retaguarda.
Enquanto o cão pacífico festeja o seu dono, esquecido da
surra que levou, outro guarda rancor para com ele e nunca mais se esquece do
seu algoz! O noticiário dos jornais assinala por vezes a conduta de cães
heróicos, nos campos de batalha, ou os casos daqueles que salvam crianças em
perigo de afogamento; outros, como o cão que pertencia a Mozart, morrem de
saudade sobre o túmulo de seu dono!
A Besta apocalíptica representa, pois, a alma global e
instintiva de todas as manifestações desregradas: ela age sorrateiramente sobre
as criaturas negligentes e sempre lhes ajusta as emoções contraproducentes, a
fim de as incentivar para a insanidade, a corrupção e a imoralidade geral. O
reinado da Besta, como o de Satanás, implica na existência de súditos, que são
os gozadores das bacanais lúbricas dos sentidos humanos e das paixões
aviltantes, herdadas do animal.
PERGUNTA: - Gostaríamos que nos désseis melhores elementos
para comprovarmos logicamente que se trata do instinto desregrado. Podeis
fazê-lo?
RAMATÍS: - É um tanto estranhável a vossa pergunta, de vez
que os vossos espíritos já se condicionaram de tal modo ao vocábulo
"besta", como identificador do instinto animal, que considerais as
mais baixas paixões e taras hereditárias como sendo conseqüentes da
bestialidade humana. A "besta humana" tem sido o qualificativo máximo
que aplicais aos autores de crimes monstruosos ou aos que demonstram
perversidade sem propósitos justificáveis! Assim que o homem sentiu os
primeiros bruxuleios da angelitude, que demarcou as fronteiras entre o animal e
o espírito, escolheu a palavra "besta" para sinônimo de brutalidade.
O profeta utiliza-se ainda de outros vocábulos na sua revelação, empregando os
de "dragão" ou de "serpente" como representativos das ações
bestiais que se praticam no vosso mundo. A serpente alusão ao espírito
satanizado - quando no alegórico paraíso seduz Eva e a faz pecar, é o símbolo
da sensualidade e dos indomáveis desejos do instinto inferior. Um dos
importantes quadros alegóricos no hagiológio católico é o de São Jorge vencendo
o dragão, ou seja, a alma destemida e inspirada pelas energias superiores, a
enfrentar o dragão do instinto inferior, que lhe vomita o fogo do desejo, e a lava
da luxúria.
Entretanto, o símbolo mais perfeito, através do qual se
possa identificar o instinto humano animalizado, com o seu cortejo de paixões
sensuais e desejos imperiosos da carne, é o sangue. Por isso, João Evangelista
emprega várias vezes figuras simbólicas em que predomina a cor sanguínea, sempre
que alude diretamente ao instinto humano, que se caldeia sempre através da
linfa da vida física, que é o sangue. Diz João: (Capítulo 12:3) "Eis aqui
um dragão vermelho" ou, então, (capítulo 17:3): "E vi uma mulher
assentada sobre uma besta de cor escarlate". Ainda no capítulo 14:20, em
que a alusão parece um tanto confusa, refere-se também ao instinto inferior:
"E o lagar foi pisado fora da cidade, e o sangue que saiu do lagar subiu
até chegar. aos freios dos cavalos, por espaço de mil e seiscentos estádios".
O apóstolo insiste no simbolismo do dragão vermelho ou da besta cor de
escarlate, pondo em destaque essas duas figuras mais alegóricas do instinto
humano.
Sabeis que esses animais revelam a ferocidade, a
ostensividade e o poderio do instinto, quando tomam conta da alma, e que só são
vencidos por meio de esforço gigantesco, gerado por uma férrea vontade. O
vermelho, ou escarlate, corresponde à mesma cor psicológica com que no vosso mundo
identificais o predomínio da violência animal. E João, no seu simbolismo
sugestivo, diz que "o sangue que saiu do lagar subiu até chegar aos freios
dos cavalos". Essa figura é
facilmente compreensível pelos ocultistas. Os magos antigos,
quando ensinavam aos seus discípulos as relações do espírito com a matéria,
empregavam o símbolo corriqueiro de uma viatura puxada por um cavalo e sob a
direção de um cocheiro. O cocheiro representava o espírito, a inteligência, o
princípio diretor; a viatura, o corpo - o princípio movimentado - e o cavalo a
força intermediária, o princípio motor, ou seja, o conjunto que hoje o espiritismo
denomina de "perispírito". O cavalo, por ter de puxar a viatura e ser
mais forte que o cocheiro, precisa de ser controlado por meio das rédeas, que
lhe tolhem o desejo de disparar; a princípio, exige contínua atenção para com a
sua indocilidade mas, quando já completamente domesticado, dispensa excessivos
cuidados nesse sentido. O cavalo desembestado faz tombar a sua viatura com os
choques desordenados, enquanto que o animal dócil é garantia de longa vida para
o seu veículo! O perispírito humano, como princípio motor, pode ser comparado,
também, a um cavalo pleno de energias, que fica atrelado entre o princípio
diretor do espírito e o princípio a ser movimentado nas ações individuais. É um
molde preexistente ao corpo carnal e sobrevivente à desencarnação física; é a
sede das forças combinadas do mundo material e do mundo astral. Nesse invólucro
etéreo-astral casam-se as energias que ascendem do mundo inferior animal e as que
descem do mundo angélico superior; é a fronteira exata do encontro dessas duas expressões
energéticas, que ali se digladiam, em violenta efervescência e luta heróica
para o domínio exclusivo! O ser humano assemelha-se, então, a uma coluna de
mercúrio, pois que fica também colocado entre dois climas adversos, que se
defrontam, para a glória do espírito ou para a vitória das paixões inferiores.
O perispírito (ou o cavalo alegórico dos magos antigos),
quando negligenciado o
seu comando por parte do espírito, indisciplina-se ao
contacto com as forças selvagens alimentadas pelo mundo inferior, e então o
"sangue" sobe até chegar aos freios do animal! Portanto, aquele que
perde o domínio psíquico e se deixa vencer pelas paixões bestiais, da cólera,
da luxúria ou da devassidão, está implicitamente incluído na afirmação
apocalíptica de que o sangue lhe subiu até chegar aos freios do cavalo!
O reinado da Besta significa também a agressividade do
instinto inferior bravio que, no fim dos tempos, chegará a "tomar o
freio" - como dizeis quando o cocheiro ou o cavaleiro não pode dominar o
animal - subvertendo, portanto, o comando do espírito e pondo em perigo a sua
integridade psíquica às vésperas da grande seleção entre o "joio" e o
"trigo".
PERGUNTA: - Como poderíamos localizar, no Apocalipse, a vitória
do espírito sobre a Besta, ou seja, sobre o instinto inferior?
RAMATÍS: - O profeta no-la explica no capítulo 12:2: -
"E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu
testemunho, e não amaram as suas vidas até à morte".
Deveis saber que a renúncia à vida física implica em que se
ame a vida para além da morte, ou seja, a vida eterna do espírito. Tanto a
Besta quanto o satanismo, como já vos explicamos antes, serão vencidos pela
abdicação completa dos bens do mundo material, em troca dos bens do reino do
Cristo, que não é deste mundo. O sangue do Cordeiro é o sangue do sacrifício, e
os que derem testemunho dele não hesitarão em derramá-lo, à semelhança dos que
o fizeram na arena dos circos romanos, crucificados ou decapitados, mas repletos
de fé e de amor! Conheceis as sublimes e heróicas atitudes dos primeiros
cristãos, que "não amaram suas vidas até à morte", porque amavam a
vida para lá da morte! A presença do Cordeiro à luz do vosso mundo, com a vossa
integração em seu
Evangelho e em contínuo testemunho de alta espiritualidade, é
que realmente vos dará a vitória do espírito sobre o reinado da Besta ou de
Satanás.
Assim como a presença de Jesus, na carne do vosso mundo,
chegou - através do seu divino magnetismo - a serenar a ferocidade de Roma e a
fazê-la preferir a paz com os outros povos, desenvolver as artes, as ciências e
o trabalho pacífico, também a contínua evocação do seu espírito há de trazer
completa modificação sobre o instinto humano.
Fonte: "Mensagens do Astral" - Ramatís/Hercílio Maes - Editora do Conhecimento.