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sexta-feira, 15 de maio de 2015

A "Besta" do Apocalipse e seu significado

Salve os amigos leitores, desejamos fazer uma pergunta a vocês. Você sabe o que realmente significa a "Besta" descrita no livro do Apocalipse? E ainda, o que significa e como pode se dar a "Vitória sobre a Besta"? Leia o texto e entenda um pouco mais sobre esse livro bíblico tão mal compreendido por muitos.

“Quem faz injustiça, faça-a ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, justifique-se ainda; e quem é santo, santifique-se ainda.Eis que venho à pressa; e está comigo a minha recompensa para retribuir a cada um segundo as suas obras”. (Apocalipse 22: 11-12)

Pensando um pouco sobre a passagem citada a cima, e relacionando as barbáries que vemos acontecer nos dias atuais, com os “sujos”, mas também, entendendo que há gente boa e esforçada no caminho do bem, sendo eles os “justos”, que a passagem bíblica cita, procuramos entender o porquê tem ocorrido essas “sujeiras” todas. Ao analisar o livro “Mensagens do Astral” do irmão Ramatís, acreditamos entender um pouquinho mais sobre essas ocorrências, e observamos ainda o que realmente significa a “Besta” descrita no livro do Apocalipse. Entretanto, não viemos somente trazer algo que possa assustar os irmãos de boa vontade, pois na última pergunta dessa leitura, o irmão Ramatís nos elucida como conseguimos vencer a “Besta”, ou melhor, vencer nossas próprias paixões inferiores e sentimentos mesquinhos.

Os tempos são chegados, mas ainda há tempo de escolhermos nos melhorarmos, e sermos os trabalhadores da última hora, ao invés de sermos mais um na manada bestial.


PERGUNTA: - Qual o simbolismo que encerra a figura da "Besta", descrita no livro do Apocalipse, que faz parte da Bíblia?

RAMATÍS: - A figura da Besta, descrita por João Evangelista no último livro que faz parte da Bíblia, intitulado "Apocalipse", é um simbolismo do desregramento a que há de atingir o vosso mundo, conjugando-se a todas as paixões inferiores e formando uma só consciência coletiva, composta das criaturas invigilantes. Simboliza um comando pervertido, ou seja a dominação por parte de um grupo que submeterá aos seus caprichos determinada quantidade de seres.

A Besta assemelha-se a um cardume de peixes, a um bando de gafanhotos ou a uma alcatéia de lobos, espécies coletivas do reino animal, que agem sob um mesmo caráter instintivo, movendo-se pela ação diretora de um só psiquismo, com suas reações perfeitamente idênticas. É um agrupamento que difere dos conjuntos animais de mais adiantamento, como os do cão, do gato ou do cavalo, em que se pode verificar a fragmentação da "consciência de grupo", pois alguns componentes dessas espécies revelam reações, gostos e preferências nitidamente individuais. Há na espécie canina, por exemplo, certos tipos de animais que se distinguem do conjunto, revelando emoções à parte; há o cão destemido, que ataca de frente, e há o cão traiçoeiro, vingativo, que agride pela retaguarda.

Enquanto o cão pacífico festeja o seu dono, esquecido da surra que levou, outro guarda rancor para com ele e nunca mais se esquece do seu algoz! O noticiário dos jornais assinala por vezes a conduta de cães heróicos, nos campos de batalha, ou os casos daqueles que salvam crianças em perigo de afogamento; outros, como o cão que pertencia a Mozart, morrem de saudade sobre o túmulo de seu dono!

A Besta apocalíptica representa, pois, a alma global e instintiva de todas as manifestações desregradas: ela age sorrateiramente sobre as criaturas negligentes e sempre lhes ajusta as emoções contraproducentes, a fim de as incentivar para a insanidade, a corrupção e a imoralidade geral. O reinado da Besta, como o de Satanás, implica na existência de súditos, que são os gozadores das bacanais lúbricas dos sentidos humanos e das paixões aviltantes, herdadas do animal.

PERGUNTA: - Gostaríamos que nos désseis melhores elementos para comprovarmos logicamente que se trata do instinto desregrado. Podeis fazê-lo?

RAMATÍS: - É um tanto estranhável a vossa pergunta, de vez que os vossos espíritos já se condicionaram de tal modo ao vocábulo "besta", como identificador do instinto animal, que considerais as mais baixas paixões e taras hereditárias como sendo conseqüentes da bestialidade humana. A "besta humana" tem sido o qualificativo máximo que aplicais aos autores de crimes monstruosos ou aos que demonstram perversidade sem propósitos justificáveis! Assim que o homem sentiu os primeiros bruxuleios da angelitude, que demarcou as fronteiras entre o animal e o espírito, escolheu a palavra "besta" para sinônimo de brutalidade. O profeta utiliza-se ainda de outros vocábulos na sua revelação, empregando os de "dragão" ou de "serpente" como representativos das ações bestiais que se praticam no vosso mundo. A serpente alusão ao espírito satanizado - quando no alegórico paraíso seduz Eva e a faz pecar, é o símbolo da sensualidade e dos indomáveis desejos do instinto inferior. Um dos importantes quadros alegóricos no hagiológio católico é o de São Jorge vencendo o dragão, ou seja, a alma destemida e inspirada pelas energias superiores, a enfrentar o dragão do instinto inferior, que lhe vomita o fogo do desejo, e a lava da luxúria.

Entretanto, o símbolo mais perfeito, através do qual se possa identificar o instinto humano animalizado, com o seu cortejo de paixões sensuais e desejos imperiosos da carne, é o sangue. Por isso, João Evangelista emprega várias vezes figuras simbólicas em que predomina a cor sanguínea, sempre que alude diretamente ao instinto humano, que se caldeia sempre através da linfa da vida física, que é o sangue. Diz João: (Capítulo 12:3) "Eis aqui um dragão vermelho" ou, então, (capítulo 17:3): "E vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate". Ainda no capítulo 14:20, em que a alusão parece um tanto confusa, refere-se também ao instinto inferior: "E o lagar foi pisado fora da cidade, e o sangue que saiu do lagar subiu até chegar. aos freios dos cavalos, por espaço de mil e seiscentos estádios". O apóstolo insiste no simbolismo do dragão vermelho ou da besta cor de escarlate, pondo em destaque essas duas figuras mais alegóricas do instinto humano.

Sabeis que esses animais revelam a ferocidade, a ostensividade e o poderio do instinto, quando tomam conta da alma, e que só são vencidos por meio de esforço gigantesco, gerado por uma férrea vontade. O vermelho, ou escarlate, corresponde à mesma cor psicológica com que no vosso mundo identificais o predomínio da violência animal. E João, no seu simbolismo sugestivo, diz que "o sangue que saiu do lagar subiu até chegar aos freios dos cavalos". Essa figura é
facilmente compreensível pelos ocultistas. Os magos antigos, quando ensinavam aos seus discípulos as relações do espírito com a matéria, empregavam o símbolo corriqueiro de uma viatura puxada por um cavalo e sob a direção de um cocheiro. O cocheiro representava o espírito, a inteligência, o princípio diretor; a viatura, o corpo - o princípio movimentado - e o cavalo a força intermediária, o princípio motor, ou seja, o conjunto que hoje o espiritismo denomina de "perispírito". O cavalo, por ter de puxar a viatura e ser mais forte que o cocheiro, precisa de ser controlado por meio das rédeas, que lhe tolhem o desejo de disparar; a princípio, exige contínua atenção para com a sua indocilidade mas, quando já completamente domesticado, dispensa excessivos cuidados nesse sentido. O cavalo desembestado faz tombar a sua viatura com os choques desordenados, enquanto que o animal dócil é garantia de longa vida para o seu veículo! O perispírito humano, como princípio motor, pode ser comparado, também, a um cavalo pleno de energias, que fica atrelado entre o princípio diretor do espírito e o princípio a ser movimentado nas ações individuais. É um molde preexistente ao corpo carnal e sobrevivente à desencarnação física; é a sede das forças combinadas do mundo material e do mundo astral. Nesse invólucro etéreo-astral casam-se as energias que ascendem do mundo inferior animal e as que descem do mundo angélico superior; é a fronteira exata do encontro dessas duas expressões energéticas, que ali se digladiam, em violenta efervescência e luta heróica para o domínio exclusivo! O ser humano assemelha-se, então, a uma coluna de mercúrio, pois que fica também colocado entre dois climas adversos, que se defrontam, para a glória do espírito ou para a vitória das paixões inferiores.

O perispírito (ou o cavalo alegórico dos magos antigos), quando negligenciado o
seu comando por parte do espírito, indisciplina-se ao contacto com as forças selvagens alimentadas pelo mundo inferior, e então o "sangue" sobe até chegar aos freios do animal! Portanto, aquele que perde o domínio psíquico e se deixa vencer pelas paixões bestiais, da cólera, da luxúria ou da devassidão, está implicitamente incluído na afirmação apocalíptica de que o sangue lhe subiu até chegar aos freios do cavalo!

O reinado da Besta significa também a agressividade do instinto inferior bravio que, no fim dos tempos, chegará a "tomar o freio" - como dizeis quando o cocheiro ou o cavaleiro não pode dominar o animal - subvertendo, portanto, o comando do espírito e pondo em perigo a sua integridade psíquica às vésperas da grande seleção entre o "joio" e o "trigo".


PERGUNTA: - Como poderíamos localizar, no Apocalipse, a vitória do espírito sobre a Besta, ou seja, sobre o instinto inferior?

RAMATÍS: - O profeta no-la explica no capítulo 12:2: - "E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho, e não amaram as suas vidas até à morte".

Deveis saber que a renúncia à vida física implica em que se ame a vida para além da morte, ou seja, a vida eterna do espírito. Tanto a Besta quanto o satanismo, como já vos explicamos antes, serão vencidos pela abdicação completa dos bens do mundo material, em troca dos bens do reino do Cristo, que não é deste mundo. O sangue do Cordeiro é o sangue do sacrifício, e os que derem testemunho dele não hesitarão em derramá-lo, à semelhança dos que o fizeram na arena dos circos romanos, crucificados ou decapitados, mas repletos de fé e de amor! Conheceis as sublimes e heróicas atitudes dos primeiros cristãos, que "não amaram suas vidas até à morte", porque amavam a vida para lá da morte! A presença do Cordeiro à luz do vosso mundo, com a vossa integração em seu Evangelho e em contínuo testemunho de alta espiritualidade, é que realmente vos dará a vitória do espírito sobre o reinado da Besta ou de Satanás.

Assim como a presença de Jesus, na carne do vosso mundo, chegou - através do seu divino magnetismo - a serenar a ferocidade de Roma e a fazê-la preferir a paz com os outros povos, desenvolver as artes, as ciências e o trabalho pacífico, também a contínua evocação do seu espírito há de trazer completa modificação sobre o instinto humano.

Fonte: "Mensagens do Astral" - Ramatís/Hercílio Maes - Editora do Conhecimento.