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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Desenvolvimento e o estudo

No dia de hoje vamos tratar de um assunto, que por incrível que pareça, ainda é muito presente dentro da Umbanda, trata-se da ideia de que muitos médiuns e dirigentes tem, onde creem que o estudo a cerca da mediunidade e a cerca da realidade espiritual não é necessário.


PERGUNTA: Embora isso nos surpreenda, já ouvimos certos médiuns justificarem a sua ignorância sobre o Livro dos Médiuns, ou quaisquer outras obras mediúnicas, alegando que os seus próprios “guias” endossam tal atitude. Dizem que, assim, esses guias evitam fortalecer lhes o animismo, que seria mais intensificado pela associação das ideias dos autores das obras lidas. Esses médiuns são adeptos de um desenvolvimento mediúnico completamente espontâneo, e afirmam livrar-se de qualquer condicionamento literário e métodos doutrinários particulares que possam restringir-lhes a livre eclosão da faculdade em florescimento.


RAMATÍS: Certamente, tais médiuns pretendem justificar a sua própria preguiça mental ou alergia para com o estudo da doutrina espírita, coisa ainda muito comum em alguns deles. Não percebemos que razões sensatas possam sancionar tais disparates! Já sabeis que, “do lado de cá”, muitas vezes são vertidos conselhos e orientações maquiavélicos por parte de “pseudos” guias, que semeiam incongruências e alimentam sandices entre os médiuns invigilantes e avessos à disciplina espiritual.
Embora a faculdade mediúnica seja espontânea em sua essência, o seu desenvolvimento deve enquadrar-se em rigoroso procedimento e experimentações sadias, livrando-o das práticas e ritualismos ridículos, dos exotismos e das demais inconveniências censuráveis. Não resta dúvida de que existem médiuns de excelente estirpe espiritual, que puderam lograr o seu desenvolvimento mediúnico livres das experimentações aflitivas e isentos dos desenganos e das interferências capciosas dos desencarnados. Mas quando isso acontece é porque se trata de criaturas já credenciadas à proteção excepcional do Além, porquanto o seu trabalho mediúnico é menos “prova” e mais incumbência superior.

Sob qualquer hipótese, os espíritos benfeitores da área espírita sempre preferem comunicar-se pelos médiuns cujo desenvolvimento mediúnico se orientou principalmente pelas normas expostas no Livro dos Médiuns, que ainda é o admirável repositório de regras sensatas e advertências salutares, concretizadas só depois de copiosa experimentação mediúnica. É obra que pode ajudar o progresso do candidato a médium, distanciando-o das decepções e do desperdício de tempo, como é muito comum no desenvolvimento empírico e inexperiente.

Kardec estudou profundamente as características psicológicas dos médiuns e classificou-os também de conformidade com o tipo de sua faculdade mediúnica em floração, disciplinando lhes a imaginação exacerbada das comunicações incipientes dos primeiros dias. Organizou-os em grupos afins e graduou-lhes a capacidade de realização, selecionando os médiuns positivos, calmos, seguros, devotados, coerentes e modestos daqueles que são improdutivos, lacônicos, nervosos, inseguros, vaidosos ou preguiçosos.

Cremos que é bastante desconexa a penetração de médiuns incipientes na floresta espessa das contradições mediúnicas, quando as flores do bom mediunismo já vicejam à beira da estrada larga dos compêndios espíritas. Esses são médiuns que atendem mais propriamente ao imperativo intrínseco de sua mediunidade em floração sem aliá-lo também ao conteúdo doutrinário e moral do espiritismo. Trata-se de simpatia ou de conveniência o seu desenvolvimento em ambientes que possuem características diferentes das regras especificadas por Kardec junto à mesa espírita. É o que acontece principalmente nos terreiros da embanda , que desenvolvem os seu médiuns sob uma técnica exclusivamente inerente ao fenômeno mediúnico, despreocupada da relação com qualquer disciplina doutrinária já consagrada pelo tempo.

No entanto, também hão de contrariar a pureza da linhagem espírita aqueles que se colocam sob a proteção ou simpatia do espiritismo, mas despreza a base do desenvolvimento mediúnico ensinado pelo Livro dos Médiuns. Sabeis que seria perfeita tolice que, depois de os cientistas terrenos terem identificado completamente os elementos químicos e as proporções exatas com que eles se combinam para formar substâncias úteis, como a água, o sal, o enxofre, o açúcar etc., os estudiosos modernos da química resolvessem proceder teimosamente a novas tentativas e experimentações fatigantes, para depois concluírem mais deficientemente, com as mesmas fórmulas dos seus antecessores.

Também não se justifica que certos candidatos a médiuns prefiram o desenvolvimento empírico de sua mediunidade, quando já existe o Livro dos Médiuns, em que a sabedoria a experiência e a ajuda sensata de Allan Kardec escoimaram as práticas mediúnicas das fórmulas improfícuas, das crenças supersticiosas ou das encenações ridículas.

“Mediunismo” – Ramatís/ Hercílio Maes – Editora do Conhecimento

Nota: Alguns irmãos umbandistas podem ficar meio contrariados perante as informações e afirmações de Ramatís nesta reposta, porém, devemos lembrar que infelizmente foi-se adotada na Umbanda uma ideia de que os médiuns não necessitam de estudos, que basta ser colocado para girar e quando o guia vem ele mesmo ensina tudo. Entretanto, as coisas não se dão desta maneira, o desenvolvimento mediúnico abrange muito mais coisas do que simplesmente colocar o candidato à médium para girar. Àqueles que tenham achado estranho Ramatís comentar bastante sobre a obra “O Livro dos Médiuns” e de Allan Kardec, lembremos que tal doutrina é uma filosofia, e foi trazida pelos espíritos para ser utilizada em todas as religiões que creem nos espíritos e na realidade espiritual – a Umbanda é uma delas – e mais, lembremos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas introduziu na Umbanda o estudo do pentateuco Kardequiano. Sendo assim, àqueles que conhecem a história da Umbanda saberão que Ramatís não está criticando a religião de Umbanda, mas sim àqueles que distorceram a mesma e praticam o seu mediunato de maneira irresponsável.


Assim como Ramatís, também cremos que as obras compiladas por Allan Kardec são obras basilares para todos que creem na realidade espiritual e que se utilizam das faculdades mediúnicas para fazer o bem, seja na religião espírita, na Umbanda ou qualquer outra. O Livro dos Médiuns é extremamente importante na caminhada do médium, pois ensina o mesmo sobre as faculdades mediúnicas que ele pode ter, ensina sobre as comunicações mediúnicas, alertando e ajudando o médium a identificar os espíritos com propósitos contrários ao bem, como diversas outras questões que fazem parte da caminhada mediúnica. Graças a Deus a Umbanda está se modificando, ou melhor, tentando voltar a ser a Umbanda trazida pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, onde tinha estudo, dedicação, responsabilidade, caridade, simplicidade e é claro, muito amor!