No dia de hoje vamos tratar de um assunto, que por incrível que pareça, ainda é muito presente dentro da Umbanda, trata-se da ideia de que muitos médiuns e dirigentes tem, onde creem que o estudo a cerca da mediunidade e a cerca da realidade espiritual não é necessário.PERGUNTA: Embora isso nos surpreenda, já ouvimos certos médiuns justificarem a sua ignorância sobre o Livro dos Médiuns, ou quaisquer outras obras mediúnicas, alegando que os seus próprios “guias” endossam tal atitude. Dizem que, assim, esses guias evitam fortalecer lhes o animismo, que seria mais intensificado pela associação das ideias dos autores das obras lidas. Esses médiuns são adeptos de um desenvolvimento mediúnico completamente espontâneo, e afirmam livrar-se de qualquer condicionamento literário e métodos doutrinários particulares que possam restringir-lhes a livre eclosão da faculdade em florescimento.
RAMATÍS: Certamente, tais médiuns
pretendem justificar a sua própria preguiça mental ou alergia para com o estudo
da doutrina espírita, coisa ainda muito comum em alguns deles. Não percebemos
que razões sensatas possam sancionar tais disparates! Já sabeis que, “do lado
de cá”, muitas vezes são vertidos conselhos e orientações maquiavélicos por
parte de “pseudos” guias, que semeiam incongruências e alimentam sandices entre
os médiuns invigilantes e avessos à disciplina espiritual.
Embora a faculdade mediúnica seja
espontânea em sua essência, o seu desenvolvimento deve enquadrar-se em rigoroso
procedimento e experimentações sadias, livrando-o das práticas e ritualismos
ridículos, dos exotismos e das demais inconveniências censuráveis. Não resta
dúvida de que existem médiuns de excelente estirpe espiritual, que puderam
lograr o seu desenvolvimento mediúnico livres das experimentações aflitivas e
isentos dos desenganos e das interferências capciosas dos desencarnados. Mas
quando isso acontece é porque se trata de criaturas já credenciadas à proteção
excepcional do Além, porquanto o seu trabalho mediúnico é menos “prova” e mais
incumbência superior.
Sob qualquer hipótese, os
espíritos benfeitores da área espírita sempre preferem comunicar-se pelos
médiuns cujo desenvolvimento mediúnico se orientou principalmente pelas normas
expostas no Livro dos Médiuns, que ainda é o admirável repositório de regras
sensatas e advertências salutares, concretizadas só depois de copiosa
experimentação mediúnica. É obra que pode ajudar o progresso do candidato a
médium, distanciando-o das decepções e do desperdício de tempo, como é muito
comum no desenvolvimento empírico e inexperiente.
Kardec estudou profundamente as
características psicológicas dos médiuns e classificou-os também de
conformidade com o tipo de sua faculdade mediúnica em floração, disciplinando
lhes a imaginação exacerbada das comunicações incipientes dos primeiros dias.
Organizou-os em grupos afins e graduou-lhes a capacidade de realização,
selecionando os médiuns positivos, calmos, seguros, devotados, coerentes e
modestos daqueles que são improdutivos, lacônicos, nervosos, inseguros,
vaidosos ou preguiçosos.
Cremos que é bastante desconexa a
penetração de médiuns incipientes na floresta espessa das contradições
mediúnicas, quando as flores do bom mediunismo já vicejam à beira da estrada
larga dos compêndios espíritas. Esses são médiuns que atendem mais propriamente
ao imperativo intrínseco de sua mediunidade em floração sem aliá-lo também ao
conteúdo doutrinário e moral do espiritismo. Trata-se de simpatia ou de
conveniência o seu desenvolvimento em ambientes que possuem características
diferentes das regras especificadas por Kardec junto à mesa espírita. É o que
acontece principalmente nos terreiros da embanda , que desenvolvem os seu
médiuns sob uma técnica exclusivamente inerente ao fenômeno mediúnico,
despreocupada da relação com qualquer disciplina doutrinária já consagrada pelo
tempo.
No entanto, também hão de
contrariar a pureza da linhagem espírita aqueles que se colocam sob a proteção
ou simpatia do espiritismo, mas despreza a base do desenvolvimento mediúnico
ensinado pelo Livro dos Médiuns. Sabeis que seria perfeita tolice que, depois
de os cientistas terrenos terem identificado completamente os elementos
químicos e as proporções exatas com que eles se combinam para formar
substâncias úteis, como a água, o sal, o enxofre, o açúcar etc., os estudiosos
modernos da química resolvessem proceder teimosamente a novas tentativas e
experimentações fatigantes, para depois concluírem mais deficientemente, com as
mesmas fórmulas dos seus antecessores.
Também não se justifica que
certos candidatos a médiuns prefiram o desenvolvimento empírico de sua
mediunidade, quando já existe o Livro dos Médiuns, em que a sabedoria a
experiência e a ajuda sensata de Allan Kardec escoimaram as práticas mediúnicas
das fórmulas improfícuas, das crenças supersticiosas ou das encenações ridículas.
“Mediunismo” – Ramatís/ Hercílio Maes – Editora do
Conhecimento
Nota: Alguns irmãos umbandistas
podem ficar meio contrariados perante as informações e afirmações de Ramatís
nesta reposta, porém, devemos lembrar que infelizmente foi-se adotada na
Umbanda uma ideia de que os médiuns não necessitam de estudos, que basta ser
colocado para girar e quando o guia vem ele mesmo ensina tudo. Entretanto, as
coisas não se dão desta maneira, o desenvolvimento mediúnico abrange muito mais
coisas do que simplesmente colocar o candidato à médium para girar. Àqueles que
tenham achado estranho Ramatís comentar bastante sobre a obra “O Livro dos
Médiuns” e de Allan Kardec, lembremos que tal doutrina é uma filosofia, e foi
trazida pelos espíritos para ser utilizada em todas as religiões que creem nos
espíritos e na realidade espiritual – a Umbanda é uma delas – e mais, lembremos
que o Caboclo das Sete Encruzilhadas introduziu na Umbanda o estudo do
pentateuco Kardequiano. Sendo assim, àqueles que conhecem a história da Umbanda
saberão que Ramatís não está criticando a religião de Umbanda, mas sim àqueles
que distorceram a mesma e praticam o seu mediunato de maneira irresponsável.
Assim como Ramatís, também cremos
que as obras compiladas por Allan Kardec são obras basilares para todos que
creem na realidade espiritual e que se utilizam das faculdades mediúnicas para
fazer o bem, seja na religião espírita, na Umbanda ou qualquer outra. O Livro
dos Médiuns é extremamente importante na caminhada do médium, pois ensina o mesmo
sobre as faculdades mediúnicas que ele pode ter, ensina sobre as comunicações
mediúnicas, alertando e ajudando o médium a identificar os espíritos com
propósitos contrários ao bem, como diversas outras questões que fazem parte da
caminhada mediúnica. Graças a Deus a Umbanda está se modificando, ou melhor,
tentando voltar a ser a Umbanda trazida pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas,
onde tinha estudo, dedicação, responsabilidade, caridade, simplicidade e é
claro, muito amor!