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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Marinheiros, quem são?

Nesse texto gostaríamos de passar uma mensagem a respeito da figura e atuação dos Espíritos que se apresentam como marinheiros nas lides umbandistas e fora das mesmas também. Queremos retratar o papel desses indivíduos que anonimamente trabalham pelo bem dos seus filhos e filhas, como pescadores e curadores de almas.

Primeiramente vamos esclarecer uma coisa. Os marinheiros de Umbanda, ou seja, Espíritos falangeiros que se apresentam com essa roupagem, afirmando serem marujos, marujas, pescadores, rendeiras, ou até quem sabe canoeiros, não são Espíritos levianos e ignorantes!

Falamos isso pois o que mais vemos nas casas ditas de Umbanda, é uma manifestação ilusória, teatral e equivocada quando se trata de trabalhos que envolvam essa linha, a linha dos marinheiros.

Vemos médiuns e mais médiuns que ao "incorporarem" o dito espírito, manifestam uma atuação muito mais fantasiosa do que realmente mediúnica. Cambaleando excessivamente, se jogando para frente, pros lados, pra trás; falando coisas desconexas, injetando um sotaque de bêbado nas palavras do "espírito", creem estar incorporados.

Vemos rum, misturas alcoólicas de coco, pinga, serem distribuídas em excesso para os médiuns nessas giras, que mais se assemelham a festas, onde o que mais se vê é peixe assado e excessos cometidos por médiuns e dirigentes despreparados, que mais comem e bebem do que "trabalham" com os ditos espíritos.

Ficamos tristes com as impressões que já tivemos em casas que se portam desta forma. Parece que a cabeça dos médiuns está muito mais ligada com o fenômeno, e assim se deixam levar nesse teatro, cada um querendo aparentar estarem em alto mar, entre as ondas, usando clichês e posturas toscas.

Se soubessem da grandeza e seriedade dos trabalhos que esses espíritos realizam junto ou separados de seus médiuns no astral, nos terreiros e centros do Brasil afora...

Ficamos nos perguntando: será que a espiritualidade ta necessitando de comilanças, beberagens e um monte de conversa fiada, ou, necessita de pessoas dedicadas com empenho e firmeza para trabalhar com esses falangeiros no desmanche de traumas emocionais e suas energias, limpezas das casas, dos consulentes, educação emocional e outras coisas mais que esses espíritos atuam?

Os médiuns ignoram que esses espíritos realizam tarefas inimagináveis no astral inferior, onde os mesmos atuam com a manipulação da força elemental do mar para destruição de antros de promiscuidade, bases e laboratórios das sombras que servem para os planos sombrios dos opositores das leis divinas?

Parando pra pensar, começamos a ver que a maioria dos umbandistas, adquiriram uma visão um tanto quanto deturpada desses espíritos, pois se limitam a reduzir o arquétipo do marinheiro como aquele cara que passava 6 meses em terra, 6 meses no mar, quando chegava nos portos enchia a cara para afogar as tristezas e saudades, procurava saciar a falta de um grande amor que ficou em casa, longe, com a presença de diversas mulheres e etc.

Vemos esse clichê se estendendo no comportamento dos "pseudo-guias" incorporados em seus médiuns, onde um marinheiro fica abraçado nas meninas bonitas da corrente, alegando que são as damas dele. Ouvimos histórias e mais histórias de como era difícil sua vida no mar, da sua saudade, da sua luta, das dificuldades e etc.

Agora nos perguntamos, será que todo espírito que se encontra nessa linha de trabalho foi necessariamente um marujo? Ou quem sabe ainda, teve problemas com a bebida e tinha várias companheiras com qual saciava sua vontade sexual e carência? Todo  marinheiro foi capitão? (Essa é bem clichê, pois na maioria dos casos vemos que o dirigente de um centro tem que ser "cavalo" do marinheiro cujo é designado como "capitão fulano de tal").

Esquece-se que a atuação dessas falanges engloba diversos aspectos, tendo espíritos que trabalham na defesa das casas, na desobsessão, na condução de bolsões de espíritos, no desmanche de magias negras e feitiçarias, na educação moral e consciencial, todos sendo marinheiros.

E será que a maioria deles foi marujo? Porque não podem terem sido pessoas simples, que viveram nas regiões litorâneas, espíritos que tiveram encarnações como esposas de pescadores, ou pescadores? Quem sabe espíritos que faziam algum tipo de artesanato para sobreviver nessas regiões, e que durante suas vidas e outras encarnações, tendo afinidade com essa energia aquática, ligada ao âmbito emocional e curador, não vieram a angariar conhecimentos, sabedoria de vida?

Vemos nitidamente o ego, o achismo, a falta de conhecimento dominando as mentes do incautos, que acham que ser médium é só ir no dia do terreiro, vestir o branco e incorporar - Pronto! Fiz minha caridade!

Em sua grande maioria não se dá bola pra estudo, não se investe em grupos de experimentação e desenvolvimento mediúnico, e o resultado é esse, fantasia, ilusão e "teatro de congá".

Fica muito fácil dar palpite na vida dos outros, criando trejeitos que se copia do outro, inventando pontos riscados, se vestindo à caráter, enquanto a sua própria vida continua a mesma, mal resolvida emocionalmente, bagunçada, e cheia de inseguranças, inclusive nas questões relativas a "Quem são meus guias?", "Sou eu ou sou o guia", "Que tipo de médium sou eu?", e por ai vai!

Gente, marinheiro é povo simples! Marinheiro é povo feliz! E felicidade não se resume a gente rodopiando, cambaleando ou se esforçando para falar e não ser entendido!

Há quem diga: "Mas o magnetismo deles é aquático, nas forças de Iemanjá, por isso eles ficam dessa maneira!". Pra esses respondemos, ta certo, todos são assim? Para um Espírito desempenhar certo papel magnético, na força que lhe é mais peculiar, ele necessita se remexer constantemente, ou o magnetismo funciona de outra forma?

Quando se estuda a respeito da influência da mente sobre o fluido, e se compreende a característica da propagação do pensamento e sua atuação sobre os diversos planos, vamos compreendendo que não é bem assim que funcionam as coisas. Quem sabe, estudemos também, a respeito dos reinos elementais, planos dimensionais e volitação?

Podem existir espíritos, que sim, podem ter um magnetismo tão intenso que o médium fica cambaleante, mas ai é o Espírito que movimenta ele, sem que o médium faça um esforço sequer, e ai entramos em outro fator, "o médium achando que deve fazer" e o espírito, propriamente dito, fazendo o médium se movimentar sem o comando nervoso do médium.

Pois é, existem pessoas que incorporam a anos e nunca experimentaram essa sensação, alegam estar dando aconselhamentos e consultas, "incorporados", num tipo de "incorporação intuitiva"...

É simples! Estude mediunidade, se desenvolva, e veja que ou tens uma faculdade de intuição mais aguçada, ou és um médium de incorporação, mecânico ou semi-mecânico, consciente ou semi-consciente. Incorporação intuitiva não existe! Existe sim médium em desenvolvimento, onde ainda a ansiedade, a falta de confiança passa na frente do guia, impedindo o mesmo de trabalhar como gostaria... e gente... o médium nessa situação não deve trabalhar dando aconselhamento, no máximo passes, sem conversações.

Deixemos essas questões para próximo texto, e voltemos aos marinheiros...

A sensação que temos quando estamos envolvidos e em contato com esses espíritos é de extrema simplicidade. Eles nos passam essa tranquilidade de viver, sem desejar muito, sem precisar de tanto assim para ser feliz. Trazem a calma pra nossa alma, pras emoções agitadas que, muitas vezes, conduzem a nossa vida. Nos ensinam a gerenciar nossas emoções de maneira feliz, sem martírio.

Transpirando amizade, zelo e carinho, nos aconselham, nos demonstram que estão junto das nossas mazelas, e podem nos demonstrar a como conduzir o barco. Basta olhar para o modo que se portam, extrema simplicidade, sorriso no rosto, descomplicando nossas questões mais complicadas, e nos mostrando que tudo tem resolução, em maior ou menor tempo.

Marinheiro traz força geradora nos campos que forem necessários gerar algo. Como também podem trazer uma força que paralisa, para evitar maiores danos e desconfortos a nós mesmos.

Pessoal! Lembremos que as falanges de Umbanda, com seus diversos nomes simbólicos, agem como meios de identificar os espíritos de acordo com sua área de atuação, a quem devem responder sobre seus atos, deixando-os no anonimato, escondendo os nomes das suas ultimas encarnações para evitar o endeusamento provocado por nós.

Deixemos de lado, a nossa vontade de ter o guia especial, "diferentão", com vivências e roupagens exóticas, e foquemos no que realmente importa, a essência e o fundo moral, consciencial e benéfico que o espírito tem para nos passar e ensinar em suas comunicações e atuações.

Hoje eu recebi um abraço de um marinheiro. Senti, naquela situação, não um Ser de outro mundo, com super poderes aquáticos, mas sim um ombro amigo, que não precisou falar nada bonito não, só que estava junto comigo, e foi o suficiente pra eu sentir um carinho tão grande, uma calma, que me fez parar e aproveitar esse contato, repensando nas minhas experiências de vida.

Nesses poucos segundos que durou o abraço, pude sentir um pouco do que o "Marinheiro" queria me passar.

É simples! Um ser humano, trabalhando por outro ser humano, com amor, simplicidade e carinho. Simples gente! Simples!

Agradeço por esse carinho, essa vida, esse amor que recebemos desses queridos Espíritos!

Carinho, força e fé constante, como as ondas do mar, constantes!

+Luz naUmbanda