Ao refletirmos um pouco sobre a vida de Jesus, veio-nos a tona uma questão sobre esse grande Mestre que caminhou entre nós em um corpo de carne para nos ajudar. Será que a sua evolução teria sido diferente da nossa? Será que Jesus foi ou é um ser privilegiado? Alguns de nós podem acreditar que o Mestre é diferenciado de todos os outros filhos de Deus, porém, como se deu para que ele chegasse a esse patamar espiritual? Ramatís nos elucida!
PERGUNTA: — Porventura Jesus
também evoluiu de modo idêntico aos demais homens, conforme vos referistes às
suas encarnações noutros mundos?
RAMATÍS: — Jesus também foi
imaturo de espírito e fez o mesmo curso espiritual evolutivo através de mundos
planetários, já desintegrados no Cosmo. Isso foi há muito tempo, mas decorreu
sob o mesmo processo semelhante ao aperfeiçoamento dos demais homens. Em caso
contrário, o Criador também não passaria de um Ente injusto e faccioso, capaz
de conceder privilegias a alguns de seus filhos preferidos e deserdar outros
menos simpáticos, assemelhando-se aos políticos terrenos, que premiam os seus
eleitores e hostilizam os votantes de outros partidos. Em verdade, todas as
almas equacionam sob igual processo evolutivo na aquisição de sua consciência
espiritual e gozam dos mesmos bens e direitos siderais!
Jesus alcançou a angelitude sob a
mesma Lei que também orienta o selvagem embrutecido para a sua futura
emancipação espiritual, tornando-o um centro criador de novas consciências no
seio do Cosmo. Ele forjou, a sua consciência espiritual sob as mesmas condições
educativas do bem e do mal, do puro e do impuro, da sombra e da luz, tal qual
acontece hoje com a vossa humanidade! Os orbes que lhe serviram de aprendizado
planetário já se extinguiram e se tornaram em pó sideral, mas as suas
humanidades ainda vivem despertas pelo Universo, sendo ele um dos seus
venturosos cidadãos.
PERGUNTA: — Alguns espíritas
afirmam que a evolução de Jesus processou-se em linha reta. Podeis
esclarecer-nos a esse respeito?
RAMATÍS: — Essa afirmação não tem
fundamento coerente, pois a simples presunção de Jesus ter sido criado
espiritualmente e com um impulso de inteligência, virtude ou sabedoria inata,
constituiria um privilégio de Deus a uma alma de sua preferência! Isso
desmentiria o atributo divino de bondade e Justiça infinitas do próprio
Criador. Aliás, não há desdouro algum para o Mestre ter evoluído sob o regime
da mesma lei a que estão sujeitos os demais espíritos, pois isso ainda confirma
a grandeza do seu espírito aperfeiçoado pelo próprio esforço. Nenhum espírito
nasce perfeito, nem possui qualquer sentido especial para a sua ascese
espiritual à parte; todos são criados simples e ignorantes, cuja consciência ou
"livre arbítrio" se manifesta através do
"tempo-eternidade", mas sem anular o esforço pessoal na escalonada da
angelitude.
E Jesus não fugiu á essa regra
comum, pois forjou a sua consciência de Amor e Sabedoria Cósmica ao nível dos
homens, lutando, sofrendo e aprendendo os valores espirituais no intercâmbio
dos mundos materiais. Ele tornou-se um ente sublime porque libertou-se
completamente das paixões e dos vícios humanos; mas não se eximiu do contato
com as impurezas do mundo carnal! A sublimidade da flor não reside apenas na
sua conformação formosa, mas, acima de tudo, na sua capacidade de transformar
detritos dos monturos em cálices floridos e odoríferos!
Assim como é impossível a um
professor analfabeto ensinar os alunos ignorantes do ABC, Jesus também não
poderia prescrever aos homens a cura dos seus pecados, caso ele já não os
tivesse vivido em si mesmo! Justamente por ele ter sofrido do mesmo mal, então
conhecia o medicamento capaz de curar a enfermidade moral da humanidade
terrena! ... Jesus, alhures, já foi um pecador como qualquer homem do mundo;
porém, ele venceu as ilusões da vida carnal, superou a coação implacável do
instinto animal e seu coração transbordante de Amor envolve todos os cidadãos
da Terra!
"O Sublime Peregrino" - Ramatís/ Hercílio Maes
Editora do Conhecimento