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quinta-feira, 31 de março de 2016

Magos Negros e a obsessão complexa

Se nos posts anteriores já abordamos alguns aspectos da obsessão, no post de hoje abordaremos especificamente a chamada obsessão complexa, mostrando através da explicação de Pai João de Aruanda, como os Magos Negros atuam de maneira mais complexa obsedando médiuns e dirigentes, levando perigo ao centro e ao trabalho que realizam.


No texto abaixo Pai João responde perguntas à turma de guardiões que estuda e se prepara paras desempenharem seu trabalho com cada vez mais eficiência.

"— Quando esses espíritos, os feiticeiros, se fazem presentes no ambiente espiritual das casas espíritas ou tendas umbandistas, costumam deixar sua marca ou seu rastro energético? Eles realmente conhecem as leis que presidem sua feitiçaria ou baixa magia, ou não?

João Cobú procurou resumir sua resposta, mas de maneira tal que não restava dúvida a ninguém:

— Até mesmo sob a perspectiva da ardilosa trama que mantêm com os magos negros, que manipulam os feiticeiros como marionetes, fica patente que esses seres de fato conhecem certas leis, naturalmente em proporção inferior aos magos. Os feiticeiros astrais sabem manipular com eficácia as ervas e usam animais, ambos considerados como elementos dos mundos físico e extrafísico fundamentais à conclusão de seus projetos. Predominantemente, têm aparência magra ou esquálida, em consequência da perda exaustiva de energia vital, que lhes foi sugada tanto pelos magos negros quanto pelas entidades vampirizadoras jungidas a eles. Sua presença é vistosa e se faz notar nos ambientes, perceptível inclusive à sensibilidade mediúnica, dado o mau cheiro que exala de suas auras. São habitantes de cemitérios desprotegidos e cavernas próximas, em caráter regular.

O assunto do dia era extremamente interessante e suscitava reflexões profundas. Mas, como um comentário leva a outro, nova indagação surgiu, agora quanto à ação dos magos negros:

— Está claro que os feiticeiros se ocupam, de um modo geral, com coisas mais materiais e lançam mão de rituais exóticos e de acumuladores de energias psíquicas, tais como despachos, oferendas, ebós e outros. Porém, que sintomas podem indicar ou sugerir a interferência dos magos negros, que difere bastante da característica dos feiticeiros? Será possível sabermos como sua ação atinge as vítimas, encarnadas ou não?

O tema eletrizante proposto na pergunta do aprendiz de guardião pareceu atear fogo no ambiente. Digo isso, evidentemente, de maneira figurada, devido ao rebuliço dos espíritos presentes, que buscavam sorver todo o conhecimento de Pai João, ávidos que se encontravam por respostas. O pai-velho, sorrindo e naturalmente captando as intenções e a excitação dos guardiões com relação a matéria tão instigante, esclareceu:

— Os magos negros, ao longo dos milênios, têm aperfeiçoado seus métodos de ataque aos encarnados e desencarnados. Embora cada legião de magos tenha se especializado em determinada área, genericamente podemos identificar sua atuação na vida de alguém quando é detectada a presença de trabalhos de magia negra, isto é, de qualquer processo obsessivo complexo, no qual empregam intenso magnetismo, visando ao domínio mental do sujeito. Os magos podem realizar o empreendimento nefasto por si mesmos ou, então, confiá-lo aos seus subordinados, em especial os psicólogos desencarnados, que lhes servem em regime de parceria.
Há vários outros aspectos que podem ser indício da atividade de magos negros. A seguir, enumeraremos alguns exemplos curiosos. Primeiramente, os casos em que o psiquismo do indivíduo acha-se preso ao passado remoto, atrelado a rituais de natureza sombria, nos quais se submeteu a práticas sacerdotais ou iniciáticas estranhas e macabras. O prejuízo em sua vivência atual advém do fato de não conseguir se desvencilhar dos eventos dramáticos, pois ligações magnéticas robustas não se rompem simplesmente com o desencarne; muito pelo contrário. Dependendo da intensidade com que foram gerados, esses laços podem continuar a repercutir indefinidamente sobre a história do sujeito.

Em segundo lugar, podemos destacar a existência de campos de força de elevada potência e com baixíssima frequência vibratória, acompanhados ou não de artefatos tecnológicos. No entanto, quando esses artefatos são efetivamente utilizados, há enorme probabilidade de que os magos estejam associados a cientistas do astral, que se desvirtuaram em seu trabalho e então labutam nas hostes sombrias.

Outra forma muito comum de os magos atuarem é na usurpação de energia vital, extraída principalmente por meio das forças sexuais da pessoa envolvida. Dão enfoque particular à larga exposição do indivíduo a conteúdo erótico, o que favorece o incremento desordenado do apetite e da atividade sexuais. Uma vez que necessitam do ectoplasma roubado de suas vítimas para realizar seus planos, procuram obtê-lo de quem quer que esteja a seu alcance; contudo, dão imenso valor àquele que furtam de sensitivos em geral, cuja plasticidade e apuro das emanações psíquicas é bem maior.

Como quarto ponto sintomático da ação de magos negros, identificamos o emprego indevido de elementais naturais em suas ações contra a humanidade. Todavia, costumam aplicá-los de modo altamente elaborado, específico e com requintes de crueldade, ao contrário do que se vê na feitiçaria, em que seu uso é indiscriminado e pouco detalhado. Esse é um fator muito frequente nos processos obsessivos complexos desenvolvidos pelos chamados senhores da escuridão.

Além de todos esses indícios, passíveis de ser coletados a partir de uma boa investigação medianímica, devemos mencionar outra gama de fatores, que seguramente denotam a ação desses espíritos perversos. Dizem respeito justamente ao andamento das atividades de intercâmbio espiritual.

Dando uma pausa para que pudéssemos assimilar melhor o conteúdo de seus pensamentos, Pai João continuou:

— Basta confrontar-se com as seguintes questões para determinar se os agentes da magia negra estão se acercando da tarefa espiritual. Diariamente, veem-se disputas, brigas e fofocas predominando na equipe de trabalhadores! Costumam ser acarretadas pela ação dos magos, que, para suscitar distração, de modo que não sejam notados, enviam espíritos marginais e descompromissados — os chamados quiumbas — para colocar a casa em desordem. O tumulto geral e os problemas gerados evitarão que o foco dos dirigentes recaia sobre a ação sombria. No âmbito do exercício mediúnico, é preciso chamar a atenção para o fato de que, muitas vezes, os magos atuam sem que sejam percebidos pelo agrupamento, já que se envolvem em potentes campos de força, disfarçando assim sua presença nas reuniões. Como meio de se resguardarem ainda mais, ordinariamente recrutam espíritos galhofeiros como seu batalhão de choque, artifício que tira o foco dos médiuns e atrás do qual se escondem.

Há ainda diversas situações que sugerem a interferência de magos negros e seus auxiliares, às quais devemos ficar alertas. Toda compulsão ao uso e abuso de poder, domínio mental e impulsos os mais variados, quando são realmente difíceis de serem contidos. Como já foi dito, intenso envolvimento com sensualidade ou sexualidade exacerbada, o que pode significar mobilização dos sexólatras em favor da magia negra e do roubo de energias vitais, visando à manutenção das bases das sombras.

Casos de licantropia, zoantropia¹ e muitos outros, em que a forma perispiritual humana de seres encarnados ou não foi desfigurada. Sobre esse particular, há um tipo relativamente frequente de ser observado no astral inferior, principalmente nas zonas sub-crustais: a degeneração da aparência humana com a consequente transformação do indivíduo em ovoide². E, para finalizar, os casos de perversidade, crimes hediondos e loucura repentina. Todos são indicativos da intromissão dos magos negros e caracterizam igualmente obsessão complexa."

1 - Segundo a conceituação espírita, licantropia e zoantropia são patologias espirituais caracterizadas pela adoção de aparência animal ou animalesca pelo perispírito. Respectivamente, dizem respeito à transformação em lobo, especificamente, e em qualquer animal, de modo geral, apesar de o primeiro termo não raro ser empregado de maneira indiscriminada. (Ver bibliografia: MIRANDA, Herminio. Diálogo com as sombras, ed. FEE, cap. n, item 2, p. 114-121, entre outros.)

2 - Termo provavelmente cunhado pelo espírito André Luiz, que relata a existência de ovoides nos livros Libertação e Evolução em dois mundos (ver bibliografia).  Assim como ocorre com as zoantro-pias, a perda da forma perispiritual humana pode se dar por autoindução, em casos graves, mas comumente é provocada por espíritos experientes através de técnicas de hipnose e sujeição mental profundas.

"Legião - Um olhar sobre o reino das sombras"
Ângelo Inácio/ Robson Pinheiro
Casa dos Espíritos Editora