Se nos posts anteriores já abordamos alguns aspectos da obsessão, no post de hoje abordaremos especificamente a chamada obsessão complexa, mostrando através da explicação de Pai João de Aruanda, como os Magos Negros atuam de maneira mais complexa obsedando médiuns e dirigentes, levando perigo ao centro e ao trabalho que realizam.
No texto abaixo Pai João responde perguntas à turma de guardiões que estuda e se prepara paras desempenharem seu trabalho com cada vez mais eficiência.
"— Quando esses espíritos, os
feiticeiros, se fazem presentes no ambiente espiritual das casas espíritas ou
tendas umbandistas, costumam deixar sua marca ou seu rastro energético? Eles
realmente conhecem as leis que presidem sua feitiçaria ou baixa magia, ou não?
João Cobú procurou resumir sua
resposta, mas de maneira tal que não restava dúvida a ninguém:
— Até mesmo sob a perspectiva da
ardilosa trama que mantêm com os magos negros, que manipulam os feiticeiros
como marionetes, fica patente que esses seres de fato conhecem certas leis,
naturalmente em proporção inferior aos magos. Os feiticeiros astrais sabem
manipular com eficácia as ervas e usam animais, ambos considerados como
elementos dos mundos físico e extrafísico fundamentais à conclusão de seus
projetos. Predominantemente, têm aparência magra ou esquálida, em consequência da
perda exaustiva de energia vital, que lhes foi sugada tanto pelos magos negros
quanto pelas entidades vampirizadoras jungidas a eles. Sua presença é vistosa e
se faz notar nos ambientes, perceptível inclusive à sensibilidade mediúnica,
dado o mau cheiro que exala de suas auras. São habitantes de cemitérios desprotegidos
e cavernas próximas, em caráter regular.
O assunto do dia era extremamente
interessante e suscitava reflexões profundas. Mas, como um comentário leva a
outro, nova indagação surgiu, agora quanto à ação dos magos negros:
— Está claro que os feiticeiros
se ocupam, de um modo geral, com coisas mais materiais e lançam mão de rituais
exóticos e de acumuladores de energias psíquicas, tais como despachos,
oferendas, ebós e outros. Porém, que sintomas podem indicar ou sugerir a
interferência dos magos negros, que difere bastante da característica dos feiticeiros?
Será possível sabermos como sua ação atinge as vítimas, encarnadas ou não?
O tema eletrizante proposto na
pergunta do aprendiz de guardião pareceu atear fogo no ambiente. Digo isso,
evidentemente, de maneira figurada, devido ao rebuliço dos espíritos presentes,
que buscavam sorver todo o conhecimento de Pai João, ávidos que se encontravam
por respostas. O pai-velho, sorrindo e naturalmente captando as intenções e a
excitação dos guardiões com relação a matéria tão instigante, esclareceu:
— Os magos negros, ao longo dos
milênios, têm aperfeiçoado seus métodos de ataque aos encarnados e
desencarnados. Embora cada legião de magos tenha se especializado em
determinada área, genericamente podemos identificar sua atuação na vida de
alguém quando é detectada a presença de trabalhos de magia negra, isto é, de
qualquer processo obsessivo complexo, no qual empregam intenso magnetismo,
visando ao domínio mental do sujeito. Os magos podem realizar o empreendimento
nefasto por si mesmos ou, então, confiá-lo aos seus subordinados, em especial
os psicólogos desencarnados, que lhes servem em regime de parceria.
Há vários outros aspectos que
podem ser indício da atividade de magos negros. A seguir, enumeraremos alguns
exemplos curiosos. Primeiramente, os casos em que o psiquismo do indivíduo acha-se
preso ao passado remoto, atrelado a rituais de natureza sombria, nos quais se
submeteu a práticas sacerdotais ou iniciáticas estranhas e macabras. O prejuízo
em sua vivência atual advém do fato de não conseguir se desvencilhar dos
eventos dramáticos, pois ligações magnéticas robustas não se rompem simplesmente
com o desencarne; muito pelo contrário. Dependendo da intensidade com que foram
gerados, esses laços podem continuar a repercutir indefinidamente sobre a
história do sujeito.
Em segundo lugar, podemos
destacar a existência de campos de força de elevada potência e com baixíssima frequência
vibratória, acompanhados ou não de artefatos tecnológicos. No entanto, quando esses
artefatos são efetivamente utilizados, há enorme probabilidade de que os magos
estejam associados a cientistas do astral, que se desvirtuaram em seu trabalho
e então labutam nas hostes sombrias.
Outra forma muito comum de os
magos atuarem é na usurpação de energia vital, extraída principalmente por meio
das forças sexuais da pessoa envolvida. Dão enfoque particular à larga
exposição do indivíduo a conteúdo erótico, o que favorece o incremento
desordenado do apetite e da atividade sexuais. Uma vez que necessitam do
ectoplasma roubado de suas vítimas para realizar seus planos, procuram obtê-lo
de quem quer que esteja a seu alcance; contudo, dão imenso valor àquele que
furtam de sensitivos em geral, cuja plasticidade e apuro das emanações
psíquicas é bem maior.
Como quarto ponto sintomático da
ação de magos negros, identificamos o emprego indevido de elementais naturais
em suas ações contra a humanidade. Todavia, costumam aplicá-los de modo
altamente elaborado, específico e com requintes de crueldade, ao contrário do
que se vê na feitiçaria, em que seu uso é indiscriminado e pouco detalhado.
Esse é um fator muito frequente nos processos obsessivos complexos
desenvolvidos pelos chamados senhores da escuridão.
Além de todos esses indícios,
passíveis de ser coletados a partir de uma boa investigação medianímica, devemos
mencionar outra gama de fatores, que seguramente denotam a ação desses
espíritos perversos. Dizem respeito justamente ao andamento das atividades de
intercâmbio espiritual.
Dando uma pausa para que
pudéssemos assimilar melhor o conteúdo de seus pensamentos, Pai João continuou:
— Basta confrontar-se com as
seguintes questões para determinar se os agentes da magia negra estão se
acercando da tarefa espiritual. Diariamente, veem-se disputas, brigas e fofocas
predominando na equipe de trabalhadores! Costumam ser acarretadas pela ação dos
magos, que, para suscitar distração, de modo que não sejam notados, enviam
espíritos marginais e descompromissados — os chamados quiumbas — para colocar a
casa em desordem. O tumulto geral e os problemas gerados evitarão que o foco
dos dirigentes recaia sobre a ação sombria. No âmbito do exercício mediúnico, é
preciso chamar a atenção para o fato de que, muitas vezes, os magos atuam sem
que sejam percebidos pelo agrupamento, já que se envolvem em potentes campos de
força, disfarçando assim sua presença nas reuniões. Como meio de se
resguardarem ainda mais, ordinariamente recrutam espíritos galhofeiros como seu
batalhão de choque, artifício que tira o foco dos médiuns e atrás do qual se
escondem.
Há ainda diversas situações que
sugerem a interferência de magos negros e seus auxiliares, às quais devemos ficar alertas. Toda
compulsão ao uso e abuso de poder, domínio mental e impulsos os mais variados, quando
são realmente difíceis de serem contidos. Como já foi dito, intenso
envolvimento com sensualidade ou sexualidade exacerbada, o que pode significar
mobilização dos sexólatras em favor da magia negra e do roubo de energias
vitais, visando à manutenção das bases das sombras.
Casos de licantropia, zoantropia¹ e muitos outros, em que a forma
perispiritual humana de seres encarnados ou não foi desfigurada. Sobre esse
particular, há um tipo relativamente frequente de ser observado no astral
inferior, principalmente nas zonas sub-crustais: a degeneração da aparência
humana com a consequente transformação do indivíduo em ovoide². E, para finalizar, os casos de
perversidade, crimes hediondos e loucura repentina. Todos são indicativos da
intromissão dos magos negros e caracterizam igualmente obsessão complexa."
1 - Segundo a conceituação espírita, licantropia e zoantropia são
patologias espirituais caracterizadas pela adoção de aparência animal ou
animalesca pelo perispírito. Respectivamente, dizem respeito à transformação em
lobo, especificamente, e em qualquer animal, de modo geral, apesar de o
primeiro termo não raro ser empregado de maneira indiscriminada. (Ver
bibliografia: MIRANDA, Herminio. Diálogo com as sombras, ed. FEE, cap. n, item
2, p. 114-121, entre outros.)
2 - Termo provavelmente cunhado pelo espírito André Luiz, que
relata a existência de ovoides nos livros Libertação e Evolução em dois mundos (ver
bibliografia). Assim como ocorre com as
zoantro-pias, a perda da forma perispiritual humana pode se dar por autoindução,
em casos graves, mas comumente é provocada por espíritos experientes através de
técnicas de hipnose e sujeição mental profundas.
"Legião - Um olhar sobre o reino das sombras"
Ângelo Inácio/ Robson Pinheiro
Ângelo Inácio/ Robson Pinheiro
Casa dos Espíritos Editora