Sabemos que a Umbanda vem sofrendo transformações, a era da desinformação e da ignorância vem sendo dissipada frente as luzes do conhecimento trazida pelos espíritos superiores. Diante desta afirmação, buscamos no texto de hoje trazer informações que visam desconstruir certas crenças frente à incorporação dos guias nos terreiros.
Frente a essa desconstrução de valores invertidos que foram inseridos dentro do seio da religião de Umbanda, acreditamos que as informações trazidas abaixo servem tanto para os médiuns como para os frequentadores dos centros e terreiros, isto por que acreditamos que o frequentador deve observar a casa ou centro a que ele se dirige, pois somente após ter confiança de que o centro é comprometido com o bem, de que seu dirigente e médiuns são também pessoas comprometidas com os valores a que dizem professar, e assim obtendo confiança na casa é que ele deve então se colocar a disposição de tratamentos e passes.
Observe, reflita, amadureça sua ideia a cerca do local, pois só assim saberás se o que irás receber é realmente benfazejo para você.
No texto abaixo Cícero faz perguntas referente a corrente de Umbanda e as manifestações que ocorrem nos centros, vejamos:
"Cícero: - Assim, “meu velho”,
desejo que me dê uma ideia da força da Corrente de Umbanda dentro de seus
aspectos positivos, reais, em face da mediunidade real que, por certo, há de
existir dentro dela.
Preto-velho: - Que Nosso Senhor
Jesus Cristo faça a guarda de meu aparelho, pois é por intermédio dele que
estou dando estas “Lições” e, portanto, o visado diretamente será ele, em
virtude de as verdades que vou dizer contrariem, como das outras vezes, os
vaidosos, que não querem a luz esclarecedora, porque essa iria queimar a
cegueira, a ignorância de seus irmãos, esses mesmos que eles dominam dessa ou
daquela forma. 1
1 – Nota Luz na Umbanda – É interessante vermos o que o preto velho
comenta já no início de sua explanação, pois W.W. da Matta e Silva é até hoje
criticado por muitos umbandistas, que não aceitam algumas verdades que são
trazidas à tona em seus livros. Esquecem-se também, que o autor e médium teve
grande influência na disseminação da Umbanda, tendo extrema importância na
história de nossa religião.
Sim, “zi-cerô”. A Corrente astral
de Umbanda tem força e tem direitos de execução e de trabalho... movimenta de
fato a magia positiva, como nenhuma outra no momento...
A Corrente de Umbanda, “zi-cerô”,
é movimentada e sustentada por ordem do Alto, pelos espíritos que se apresentam
como “caboclos”, “pretos-velhos” e “crianças”2. Não só firmou o aspecto
religioso, filosófico científico e mesmo metapsíquico. Assim é que ficou bem
definido que o vértice, a razão de ser e essencial de todo esse movimento, é o
dos espíritos sob a forma dos tão decantados “caboclos”, “pretos-velhos”, etc.,
que passaram a ser, para os humanos interesses, as “pepitas de ouro” que todos
querem. E esses espíritos – em espíritos e verdade – dependem, invariavelmente,
de faculdade mediúnica de quem as possua de fato, para demonstrarem a potência
de suas “ordens e direitos de trabalho”, sempre para o benefício de seus irmãos
encarnados e desencarnados, exemplificando o verdadeiro sentido da caridade, em
nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, do qual são humildes trabalhadores.
2 – Nota Luz na Umbanda – Aqui é
relatado somente as linhas de Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças, porém,
sabemos que a Umbanda atua com diversas linhas de trabalhos, como Baianos,
Marinheiros, Exus, etc. Contudo, devemos lembrar que no início da Umbanda
tínhamos as três linhas citadas como as principais.
E é por causa dessa dependência
mediúnica dos humanos e devido à dificuldade desse material que existem tantas
e tantas interpretações errôneas sobre as “manifestações” atribuídas às
Entidades de Umbanda. A confusão é grossa e se faz preciso que este “véio”
levante mais algumas facetas desse problema.
Note que, além da tremenda
confusão que fizeram sobre mediunidade e atuação, complica a situação quando
afirmam e pregam que aquela, sendo uma faculdade universal, quer dizer, capaz
de ocorrer em qualquer pessoa, define médiuns ou veículos e esses o poderão em
qualquer parte, em qualquer ambiente.
E assim mistura médiuns da mesa
kardecista no “terreiro” umbandista, dizendo que, se é veículo, tanto dá
passividade a irmãos luminares ou sofredores, como os caboclos, pretos-velhos e
até mesmo a Exu...
Erro grosseiro esse, que
demonstra, tão-somente, a ignorância dos que assim procedem. De princípio,
vê-se logo que esquecem a existência de uma lei que preside a tudo – a Lei de
Afinidades, que situa as atrações e as repulsões psíquicas ou morais
espirituais. Depois, deveriam saber que essa faculdade mediúnica, que é
conferida mesmo a qualquer um, surge de acordo com a lei de afinidades, principalmente
cármica, e tem predeterminações...
Por tudo isso, você pode deduzir,
“zi-cerô”, que, se a mediunidade, em geral, já é uma condição rara, quanto mais
na Umbanda!... Aí é que se torna difícil mesmo uma manifestação positiva de
“caboclo” ou “preto-velho”! 3
3 – Nota Luz na Umbanda – Devemos
refletir sobre o que o Pai Velho quer nos demonstrar, pois nos dias atuais, e
já naquele tempo quando este livro foi escrito já era assim, todo mundo quer
incorporar, todo mundo quer manifestar através desta faculdade mediúnica, a
incorporação, Caboclos, Pretos Velhos, Exus, Boiadeiros, etc., porém, esquecem-se
que nem todos são médiuns de incorporação, e não é porquê estão dentro da
Umbanda que adquirirão esta faculdade mediúnica que não possuem. E é por causa
do desconhecimento do assunto, da falta de preparo e também da falta de comprometimento
com a causa, que dirigentes e médiuns acabam por deturpar as manifestações nos
terreiros, como vemos na pergunta/resposta seguinte.
Cícero: - Meu velho, mas eu tenho
visto, por toda parte, em todos os “terreiros” ou Tendas por onde eu já
“girei”, médiuns, às dezenas, manifestados com essas Entidades. Apenas notei ou
chamou-me a atenção, o nível dessas manifestações, sempre dentro das mesmas
características. O que um faz, via de regra, os outros também fazem. Fumam
cachimbo, charutos, dão gritos, fazem trejeitos ou os mesmos gestos, cospem no
chão, arregalam os olhos, usam e abusam da mímica e cacoetes, simulam defeitos
físicos, principalmente com a perna esquerda, usam o mesmo linguajar, etc.,
etc. Só queria que me dissesse uma coisa: - será que os verdadeiros espíritos
de “caboclos”, “pretos-velhos” e “crianças” são assim mesmo? Baixam
sistematicamente dessa maneira?
Preto-velho: - Este “véio”
responde a “suncê” fazendo interrogações sutis ao seu conhecimento. Se você
pergunta assim é porque, no fundo, tem dúvidas e vê-se que observou sensata e
friamente... Então? Será que pode aceitar, em sã consciência, como mediunidade,
como legítimas manifestações mediúnicas dos caboclos, pretos-velhos e crianças,
essas alterações psíquicas, melhor diria, aberrações psíquicas comuns de
“terreiro” e que notou nas criaturas ditas médiuns, ou “cavalos” (até “burros”)
quando dão esses gritos, fazem trejeitos ou contorções no corpo, nas faces,
sempre com um charuto ou cachimbo na boca, olhos tortos ou esgazeados, usando
um linguajar impressionante e decorativo intercalando termos de baixo calão,
principalmente as “entidades” sob a forma de crianças... enfim... fazendo tudo
isso em nome das Entidades? Será que as verdadeiras manifestações dos Guias e
Protetores são invariavelmente assim, nesse estilo, em todos eles?
Não acha que tudo isso não passa
de cópia de cópias? Não acha que tudo pode se enquadrar perfeitamente no hábito
de tanto ver e repetir a mesma coisa em toda parte?
“Zi-cerô” é lamentável, mas
“preto-velho” diz: - por que não tiram DE VEZ os véus ilusórios desses filhos,
pelo menos para os que buscam a verdade, mesmo que seja amarga como o fel?
O fato é que você pode qualificar
os que se apresentam dentro do exposto, de duas formas: ou estão sendo vítimas
de atuação dos quiumbas, ou estão possuídos unicamente por seus cascudos, que
são criações anímicas.
Repito, em verdade e mais uma
vez: Caboclos, Pretos-velhos e Crianças nunca “baixaram nem baixam” dessa
forma.
Cícero: - Bem, “preto-velho”, mas
na legítima manifestação dessas Entidades, não se dá, forçosamente, alguma
alteração sobre o aparelho?
Preto-velho: - Claro, “zi-cerô”,
mas nunca do modo descrito... Certas alterações ocorrem, fisionômicas e até nos
órgãos motores, como é o caso dos pretos-velhos, mas sempre são alterações
coordenadas, disciplinadas. Sempre revelam o aspecto da expressão positiva,
sobre a fisionomia normal do aparelho, máxime na sua parte sensorial ou
psíquica. Para lhe dar um exemplo bem claro:
O “preto-velho”, quando “baixa”,
não exibe logo o lábio inferior torto (a “beiçola” se me perdoa a expressão),
como se com isso quisesse caracterizar um atributo sugestivo e característico
da raça negra."
“Lições de Umbanda (e Quimbanda)
na palavra de um Preto-Velho”