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terça-feira, 12 de abril de 2016

A indústria de fazer o santo: Por Zélio de Moraes

Frente a uma grande confusão dentro da nossa religião de Umbanda e a excessiva mistura que se faz dentro dos terreiros alegando serem de Umbanda, buscamos nas palavras de Zélio Fernandino de Moraes, o médium do espírito fundador da Umbanda, algumas informações a respeito da necessidade de se "fazer o santo" e também esclarecimentos sobre a hipótese de se incorporar Orixá em nossa religião.


"A INDÚSTRIA DE “FAZER SANTO” É UMA VIGARICE"

O fundador da Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas (que foi padre em vidas anteriores), ao se incorporar no médium fluminense Zélio de Moraes, ditou as normas de como deviam funcionar os Terreiros de Umbanda, praticando a caridade gratuita; sem tocar tambores (atabaques) nem palmas no acompanhamento dos cânticos; fazer desobsessão (descargas) transportando os Espíritos maus para os médiuns de incorporação, doutrinando-os e afastando-os, aliviando os doentes, curando-os da falsa loucura.

Zélio de Moraes, que faleceu aos 83 anos, em 1975, ao ser entrevistado por Ronaldo Antonio Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, na Rua Visconde de Inhaúna, 1.174, Vila Gerty, em São Caetano do Sul, diz:

“Não havia Umbanda antes de 1908. Havia a chamada macumba, que era feita pelo Candomblé, por causa das oferendas aos santos. A Umbanda não é macumba, não é Candomblé. Na Umbanda não se usa isso. Nós não batemos tambor (atabaque). Quem bate é macumba. Nossa Umbanda não tem tambor e nem palmas, nem roupa de seda.

Aqui, em meu Terreiro, se usa roupa simples de algodão e sapato de corda (conhecida como: “alpercata ou alpargata”) ou descalço. Não tem seda e nem luxo. Tenho ouvido que muitos umbandistas aqui na Guanabara estão “fazendo santo”. Médium fazer santo? Eu não creio nisso. Trazemos isso do berço; Ninguém bota santo na cabeça dos outros. Em nossas sessões, temos a preocupação de curar os loucos (descarregos/ desobsessões). Já foram curados muitos, que estavam em sanatórios e que eram de outras religiões. Eu trabalho com o Orixá Mallet, de Ogum, que foi trazido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas para curar os loucos e obsedados”.

Incorporar Orixá?

Zélio de Moraes, na sua entrevista a Ronaldo Antonio Linares, tira a máscara de muitos chefes de Terreiro que dizem ter Orixás incorporados.

“Orixá não se incorpora. São Espíritos que trabalham na sua irradiação, não na sua força. Não são os Orixás que se incorporam, mas são os seus enviados. Na Umbanda não existe feitura de cabeça nem coroação. Eu não acredito nisso. O Caboclo das Sete Encruzilhadas nunca mandou “fazer cabeça” de ninguém. Isso não Existe. Nem isso, nem coroação”.

Existe em São Paulo uma Federação de Umbanda, dirigida por falso umbandista, que obriga os chefes de Terreiro a “fazerem o santo” e reúne os médiuns do Terreiro para lhes tirar o dinheiro para que o pai de santo dê “obrigações para o santo”. Isso não existe na Umbanda. Estão corrompendo a Umbanda utilizando o ritual do Candomblé. Estão transformando os Terreiros em rituais de Umbandomblé, e depois os chefes de Terreiro não entendem nada de Umbanda nem de Candomblé, conforme declarou o Senhor Demétrio Domingues, que está lutando para separar a Umbanda do Candomblé.

Ele nos dizia: Umbanda não é Candomblé. Umbanda é Umbanda. Candomblé é Candomblé. Querer misturar as duas coisas só traz confusões, pois o chefe do Terreiro passa a não entender nem de Umbanda nem de Candomblé.

A verdade é que estão corrompendo a Umbanda, obrigando santo, dar obrigações para o santo, tirando o dinheiro dos filhos de santo”.

"Origem da Umbanda - Módulo I"
Padrinho Juruá