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quinta-feira, 7 de abril de 2016

Terreiro dirigido por entidades trevosas

Diante dos trabalhos de um centro espírita, terreiro, igreja, etc., será que seria possível espíritos com propósitos contrários ao bem virem a assumir a direção espiritual e até realizar a guarda e proteção destes locais? Mas se são espíritos com propósitos contrários ao bem, por que fariam isso se seus objetivos são outros? É nesse ínterim que discorremos o assunto deste texto.

Mediante a ideia da possibilidade de espíritos trevosos assumirem a direção e proteção espiritual de instituições religiosas, trazemos primeiramente dois trechos de livros diferentes, a fim de que eles possam trazer uma ideia de como e com que fim isto pode ocorrer, vejamos:

"Descera a noite totalmente, quando penetramos estreita sala, em que um círculo de pessoas se mantinha em oração. Várias entidades se imiscuíam ali, em meio dos companheiros encarnados, mas em lamentáveis condições, de vez que pareciam inferiores aos homens e mulheres que se faziam componentes da reunião.

Apenas o irmão Cássio, um guardião simpático e amigo, de quem o Assistente nos aproximou, demonstrava superioridade moral. Notava-se lhe, de imediato, a solidão espiritual, porquanto desencarnados e encarnados da assembleia não lhe percebiam a presença e, decerto, não lhe acolhiam os pensamentos.

Ante as interpelações do nosso orientador, informou, algo desencantado:

– Por enquanto, nenhum progresso, não obstante os reiterados apelos à renovação. Temos sitiado o nosso Quintino com os melhores recursos ao nosso alcance, mobilizando livros, impressos e conversações de procedência respeitável, no entanto, tudo em vão... O teimoso amigo ainda não se precatou quanto às duras responsabilidades que assume, sustentando um agrupamento desta natureza...

Áulus buscou reconfortá-lo com um gesto silencioso de compreensão e convidou-nos a observar. Revestia-se o recinto de fluidos desagradáveis e densos.

Dois médiuns davam passividade a companheiros do nosso plano, os quais, segundo minhas primeiras impressões, jaziam convertidos em criados autênticos do grupo, assalariados talvez para serviços menos edificantes. Entidades diversas, nas mesmas condições, enxameavam em torno deles, subservientes ou metediças.

O fenômeno da psicofonia era ali geral. Os sensitivos desdobrados se mantinham no ambiente, alimentando-se das emanações que lhes eram peculiares.

Raimundo, um dos comunicantes, sob as vistas complacentes do diretor da casa, conversava com uma senhora, cuja palavra leviana inspirava piedade

Raimundo – dizia –; tenho necessidade do dinheiro que há meses vem sendo acumulado no Instituto, do qual sou credora prejudicada. Que me diz você de semelhante demora?

– Espere, minha irmã – recomendava a entidade –, trabalharemos em seu benefício.

E a palestra continuava.

– A solução é urgente. Você deve ajudar-me com ação mais expedita. Tente uma volta pelo gabinete do diretor ranzinza e desencrave o processo... Você quer o endereço das pessoas que precisamos influenciar?

– Não, não. Conheço-as e sei onde moram...

...E enquanto a matrona baixava o tom de voz, cochichando, um cavalheiro maduro dirigia-se a Teotônio, o outro comunicante da noite, clamando, indiscreto:

– Teotônio, até quando me cabe aguardar?

A entidade, que parecia embatucar-se com a pergunta, silenciou, humilde, mas o interlocutor alongou-se, exigente:

– Vai para quatro meses que espero pela decisão favorável referente ao emprego que me foi prometido. Entretanto, até hoje!... Você não conseguiria liquidar o problema?

– Que deseja que eu faça?

– Sei que o gerente da firma é do contra. Ajude-me, inclinando-o a simpatizar-se pela boa solução de meu caso.

Nisso, outra senhora ocupou a atenção de Raimundo, solicitando:

– Meu amigo, conto com o seu valioso concurso. Sou mãe. Não me conformo em ver minha filha aceitar a proposta de um homem desbriado, para casar-se. Nossa posição em casa é das mais alarmantes. Meu marido não suporta o homem que nos persegue, e a menina revoltada tem sido para nós um tormento. Você não poderá afastar esse abutre?

Em aflitivas circunstâncias, vira obsidiados e entidades endurecidas no mal, através de tremendos conflitos; contudo, em nenhum lugar sentia tanta compaixão como ali, vendo pessoas sadias e lúcidas a interpretarem o intercâmbio com o mundo espiritual como um sistema de criminosa exploração, com alicerces no menor esforço.

Áulus registrou-me as reflexões amargas, porque, generoso, deu-se pressa em reconfortar-me:

– Um estudo atual de mediunidade, mesmo rápido quanto o nosso, não seria completo se não perquiríssemos a região do psiquismo transviado, onde Espíritos preguiçosos, encarnados e desencarnados, respiram em regime de vampirização recíproca. Aliás, constituem produto natural da ignorância viciosa em todos os templos da Humanidade. Abusam da oração tanto quanto menoscabam as possibilidades e oportunidades de trabalho digno, porquanto espreitam facilidades e vantagens efêmeras para se acomodarem com a indolência, em que se lhes cristalizam os caprichos infantis.

– Mas, prosseguirão assim, indefinidamente? perguntei.

– André, sua dúvida está fora de propósito. Você possui bastante experiência para saber que a dor é o grande ministro da Justiça Divina. Vivemos a nossa grande batalha de evolução. Quem foge ao trabalho sacrificial da frente, encontra a dor pela retaguarda. O Espírito pode confiar-se à inação, mobilizando delituosamente a vontade, contudo, lá vem um dia a tormenta, compelindo-o a agitar-se e a mover-se para entender os impositivos do progresso com mais segurança. Não adianta fugir da eternidade, porque o tempo, benfeitor do trabalho, é também o verdugo da inércia.

Ante a nossa admiração silenciosa, o Assistente concluiu:


– Cada serviço nobre recebe o salário que lhe diz respeito e cada aventura menos digna tem o preço que lhe corresponde."

A fim de analisarmos mais a fundo a questão, trazemos como segundo trecho uma mensagem de Ramatís, que quando questionado sobre o assunto aqui abordado não deixou dúvidas sobre a possibilidade da ação de espíritos trevosos assumindo a direção e proteção de um centro, vejamos:

"PERGUNTA: - Há fundamento na explicação de que certos centros espíritas ou terreiros são protegidos pelos espíritos trevosos?

RAMATÍS: - Pois se os espíritos "das sombras" perseguem e tentam aniquilar os centros espíritas onde prevalece o Evangelho do Cristo, é óbvio que eles prestam seu apoio e incentivam todos os esforços, reuniões e agremiações espiríticas ou de Umbanda, onde os conceitos possam ser deformados e ridicularizados. Deste modo, os mentores do astral inferior recomendam aos seus tutelados que assistam os trabalhos mediúnicos de baixo nível moral, onde a tolice, o ridículo, a vaidade e o interesse mercenário constituem um verdadeiro "desserviço" à linhagem iniciática do Espiritismo.

Acresce, ainda, que muitas criaturas adulteram as funções da mediunidade, entregando-se a trabalhos anímicos de Umbanda, semeando sandices e truncando a realidade espiritual, à guisa de um serviço mediúnico superior. As comunidades do astral inferior fazem o seu estacionamento nos centros espíritas e terreiros nos quais só domine a ansiedade do fenômeno espetacular, em vez da "auto redenção". Ali estiola-se o espírito de iniciativa, desvirtua-se o discernimento espiritual e cresce o descuido para com a responsabilidade espiritual do ser."

Referências:
"Nos domínios da mediunidade" - André Luiz/ Chico Xavier
FEB
"Elucidações do Além" - Ramatís/ Hercílio Maes
Editora do Conhecimento

Nota: Frente aos trechos trazidos podemos ver claramente a possível ação de espíritos com propósitos contrários ao bem  dentro de centros espíritas, terreiros, etc. Vejamos que nos dois trechos a uma coisa em comum, a deturpação do real sentido da mediunidade, isto é, no trecho trazido por André Luiz vemos as pessoas pedindo coisas materiais, egoístas e até negativas para seu semelhante, no trecho de Ramatís podemos ver que ele cita o mesmo tipo de deturpação do sagrado para fins dos ditos "trabalhos" tanto realizados em nome da nossa amada Umbanda.

Outro ponto interessante que logo no início já nos faz refletir é que André Luiz cita os espíritos que atuam neste tipo de intercâmbio espiritual como espíritos grosseiros, em lamentáveis condições espirituais. Podemos começar a compreender que o tipo de entidade ligada a esses diversos trabalhos de amarração, para conseguir trabalho, para influenciar essa ou aquela pessoa, trabalhos egoísticos e deturpados são entidades classificadas como levianas, entidades comprometidas com finalidades negativas, não podemos acreditar que um Preto Velho, um Caboclo, um Baiano, um Exu, Bombogira ou qualquer outra entidade comprometida com o bem realize este tipo de atividade.

Vejam que Ramatís nos informa claramente no trecho aqui transcrito que os espíritos trevosos se utilizam dos agrupamentos que realizam estes tipos de trabalhos e atividades para ridicularizar as religiões e falanges sérias e comprometidas com o Alto, muitas vezes se utilizando de nomes de entidades renomadas só para incutirem mensagens negativas e por abaixo um trabalho venerável trazido pelos benfeitores. Embora pareça fantasia é exatamente o que aconteceu com a Umbanda, onde entidades baixam em terreiros e médiuns descomprometidos e se dizem ser Exu, Caboclo e Bombogira x ou y, fazendo com que tanto essas linhas de trabalho como a religião de Umbanda ganhasse a fama por trabalhinhos deturpados e nefastos. Essas entidades trevosas ainda vampirizam os médiuns e os frequentadores da casa, utilizando suas energias para seus planos negativos no baixo astral. Vejamos então que a ideia de assumirem a direção espiritual e proteção de uma casa descomprometida com os ensinamentos do Cristo é muito vantajoso para esse tipo de espíritos, pois além de roubarem energias eles executam seu plano para ver a derrocada das religiões e dos ensinamentos do Cordeiro. 

Por isso sempre alertamos os frequentadores e adeptos das religiões, ao entrarem em um local pela primeira vez, observem, utilizem do bom senso, sejam criteriosos e cuidadosos, pois somente através desta análise é que será possível distinguir se as entidades que ali se manifestam são realmente entidades da Umbanda ou espíritos comprometidos com a ignorância e a leviandade.