No post de hoje vamos encerrando a série de posts que traz o Regimento Interno da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, este que fora ratificado pelo "Chefe" - Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas -.
CAPÍTULO IV
DOS ASSISTENTES
Art. 16° - A entrada na Tenda só
é vedada:
a) às pessoas alcoolizadas ou
embriagadas:
b) às pessoas portadoras de armas
ou animais;
c) às pessoas manifestamente mal
intencionadas ou a desordeiros conhecidos.
Nota: Sem querer mexer com
ninguém, mas, fazendo uma observação em vista de certas permissividades hoje existentes,
será que alguém diria que a não permissão de entrada, nesses casos, seria falta
de caridade? (Cláudio Zeus)
§ 1° - São deveres dos
assistentes:
a) Munir-se, logo após à sua
chegada, do cartão numerado para a respectiva consulta;
b) Procurar acomodação na parte
reservada a assistência, onde deverá se conservar até a hora de sair, com o respeito
e dignidade devidos a um Templo Religioso;
c) Acatar as ordens gerais da
Tenda e as que lhes forem transmitidas pelos cambonos;
d) Manter-se em elevação, se
souber, o curimba (ponto cantado que estiver sendo puxado), para possibilitar uma
perfeita e harmônica corrente fluídica, desde o início do defumador até o
encerramento da sessão;
e) Atender prontamente, sob pena
de perder a vez, ao chamado do cambono para a consulta.
§ 2° - É vedado terminantemente
aos assistentes, consultarem a mais de um Guia na mesma sessão.
Nota: Já existia isso naquela
época. Já existiam os “corre giras” e os “corre guias”.
Nota Luz na Umbanda: O Caboclo
das Sete Encruzilhadas já previa os frequentadores que buscam conversar com
várias entidades, buscando que alguma delas falem aquilo que eles desejam
ouvir. Para se prevenir deste tipo de intenção, já era proibido conversar com
mais de um guia.
§ 3° - O assistente que tiver
necessidade de qualquer natureza deverá dirigir-se ao cambono mais próximo, de preferência
de seu sexo e expor o que deseja, para que este providencie como se fizer
necessário.
§ 4° - Na ocasião da abertura da
porta às 21:10 horas para saída das pessoas atendidas e retardatários, deverá
ser observado o mais completo silêncio.
CAPITULO V
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 17 - Por princípio
doutrinário e em se tratando de reuniões de caridade puramente cristã, as
pessoas que vierem à Tenda, devem se abster de pensamentos e propósitos que
contrariem as virtudes exemplificadas por Jesus.
Assim sendo, as consultas não
poderão versar sobre assuntos que fujam aos princípios capitulados nos Dez Mandamentos,
constantes do Evangelho.
§ 1° - São deveres de todos os frequentadores:
Procurar conhecer o Espiritismo
Cristão pela leitura de obras doutrinárias tais como:
- O Evangelho, segundo o
Espiritismo;
- O Livro dos Espíritos; O Livro
dos Médiuns;
- O Espiritismo, a Magia e as
Sete Linhas de Umbanda.
Nota: Esse Capítulo é
importantíssimo para que se deixem, de vez, de dizer coisas como: “Umbanda tem
que largar o cristianismo e voltar às raízes africanas”, ou então, “Umbanda é
um Culto Afro”, ou mesmo que “Umbanda com orações e leitura de livros espíritas
é Kardecumbanda”, comentários esses muito observados na Internet por conta de
pessoas que, claramente, não conhecem em que princípios a Umbanda do Brasil se
formou. Lendo o acima exposto e observando certos posicionamentos,
percebemo-los totalmente inadequados em relação a todos os que agem por esta
cartilha, seguindo o que já determinava o Caboclo das Sete Encruzilhadas há
quase 100 anos atrás.
Será que são eles os “errados”,
se é que existem erros de ritualística nesse sentido?
O caso é que a Umbanda é
fundamentalmente cristã e, de acordo com outros princípios e ritualísticas que cada
Terreiro achou por bem adotar, pode ter seus rituais mais africanizados, mais
puxados para as práticas chamadas de orientais, esotéricas, ocultista, etc. Mas
o “miolo”, o fundamento maior é o de ter os ensinamentos do Cristo como base
para todas as outras aplicações. E que ensinamentos do Cristo são esses: Amor ao próximo – Caridade (ajuda
ao próximo), sem o que, não pode ser Umbanda. (Cláudio Zeus)
Nota Luz na Umbanda: Interessante
isso não é mesmo? Até mesmo os comentários de Cláudio Zeus nos fazem refletir
bastante. Nos dias atuais não é “Kardecumbanda”, mas é chamada de Umbanda
Espírita ou Umbanda Kardecista, porém, essas nomenclaturas, na nossa visão, não
seriam corretas, tendo em vista que a Umbanda quando foi criada tinha em seu
seio o estudo da Doutrina dos Espíritos, a fim de esclarecer sobre a realidade
espiritual e a reencarnação muito difundida por tal doutrina. A Umbanda que
estuda a doutrina dos espíritos é UMBANDA, não Umbanda X ou Y, em seu
fundamento havia tal estudo, onde o próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas
incorporado em Zélio por muitas vezes doutrinava a carca dos assuntos do
Evangelho Segundo o Espiritismo. Falta mesmo é esclarecimento, muitos dizem
levar a bandeira da Umbanda fundada pelo Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas,
mas pouco conhecem o que ele realmente pregava. Em momento oportuno abordaremos
um post falando sobre essa ideia de “Umbanda Espírita” ou “Umbanda Kardecista”.
§ 2° - Durante as sessões ou
trabalhos de Terreiro é expressamente proibido:
a) Palestrar ou tratar assuntos
estranhos à doutrina;
b) Fazer comentários maldosos
sobre os irmãos da Tenda;
c) Proferir palavras de gírias ou
de interpretações duvidosas, obscenas ou provocadoras de risos;
d) Fazer gestos ofensivos à moral
ou aos bons costumes;
e) Lançar suspeitas, provocar
ódios, difamar ou fazer comentários desabonadores sobre a vida privada de qualquer
pessoa;
f) Desrespeitar ou incitar ao
desrespeito, os artigos, parágrafos e alíneas do presente Regimento e ordens em
vigor na Tenda;
g) Ingressar ou permanecer no
recinto onde estão instaladas a Tesouraria e a Secretária da Tenda, com exceção
dos componentes da Diretoria e pessoas encarregadas de serviços especiais.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 18 - A Tenda tem como “Chefe
Espiritual” o Caboclo das Sete Encruzilhadas, também chamado simplesmente - o “Chefe”-
criador de Umbanda no Brasil no ano de 1908.
- “Orixá Malllet” é o trabalhador
da Linha de “Ogum” (São Jorge), Chefe de Falange, encarregado dos trabalhos de
demanda.
- “Pai Antônio” é a entidade que
serve de intérprete a “Orixá Mallet” e que comumente transmite as ordens do “Chefe”.
- “Guias e Chefes de Terreiro”
são as entidades designadas pelo “Chefe” para dirigir e se responsabilizar pela
parte espiritual das sessões.
Art. 19 - O presente Regimento
entrará em vigor na data em que for ratificado pelo “Chefe”, em sessão especial,
para isso convocada.
Toda pessoa que se tornar
associada da Tenda o faz espontaneamente, para cooperar na sua manutenção e progresso,
motivo pelo qual deverá cumprir a risca, todos os seus deveres e principalmente
manter em dia o pagamento de sua mensalidade.
"Origem da Umbanda - Módulo I"
Padrinho Juruá