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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Umbanda: Balcão de trocas ou hospital da alma?

Nos dias atuais vemos uma diversidade enorme de casas que se denominam umbandistas, em cada uma um modo diferente de se relacionar com os espíritos e com as forças cultuadas nesta religião rica em suas ritualísticas e fundamentos. Porém, o que nos chama a atenção é o seguinte ponto, entre tantas diferenças, o que realmente é essa religião que ora parece fazer o bem e ora entra em total contradição?



Sabemos que a religião de Umbanda já foi muito mais cultuada em tempos atrás, onde pontos de Umbanda tocavam às rádios famosas, e o assunto era comentado até mesmo em programas televisivos. Entretanto, com o passar do tempo parece que a tal febre umbandista cessou, e o tamanho amor e carinho pela amada Umbanda deu lugar à vergonha, onde muitos de seus próprios praticantes buscavam esconder-se quando perguntado sobre sua religião, dizendo serem espiritualistas.

O fato, embora curioso, é totalmente explicável, segue que, quando a Umbanda foi criada, através do advento do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, na data de 15 de novembro de 1908, essa religião trazia em sua base o Evangelho de Jesus, e buscava, através do intercâmbio espiritual, trazer paz, amor e esclarecimento para os seus praticantes e adeptos. Entretanto, como bem sabemos, a árvore que produz bons frutos é a que mais leva pedrada, e logo as trevas deu jeito de tentar inverter o que o amado Caboclo lutou para trazer, se utilizando de encarnados desavisados e sem comprometimento com o ideal do Cristo, começou a inversão de valores positivos que a Umbanda sempre pregou.

As formas de se utilizar das forças para o bem começaram a ser desvirtuadas, e a utilização dos elementos de maneira benfazeja deu lugar à manipulação de elementos primitivos, em busca de prazeres e conquistas egoísticas e mundanas. Espíritos comprometidos com o desvirtuamento dos seres começaram a dar comunicações, utilizando-se de nomes respeitáveis da Umbanda, e a coisa logo começou a tomar o rumo desejado, o nome da religião de Umbanda começou a ter outro sentido, para a sociedade o sentido do amor e do bem com Jesus deu espaço a “casa de batuques”, “macumba”, entre outros nomes que buscam dar um sentido pejorativo.

Os desavisados logo começaram a ir atrás dessa “umbanda”, em busca de dinheiro, pessoa amada em tantos dias, o emprego desejado e tantas outras coisas que dependem pura e exclusivamente do próprio encarnado, que deveria obedecer ao “pedi e obtereis”, isto é, te esforça, persevera e então conquistarás o desejado. Tudo virou trabalho feito, os adeptos se atrofiaram diante do imediatismo, e a gama de trabalhos nas esquinas aumentou significativamente, na esperança que da noite para o dia tudo mudasse em suas vidas. Neste momento ocorre uma explosão de surgimento de terreiros de "umbanda", onde seus fundadores e adeptos criam fundamentos que não condizem com a Lei de Umbanda, e que somente são usados para alimentar suas manias, vontades e achismos, tendo nesses lugares a falta de esclarecimento, em outros terreiros que surgiam vemos o total desleixo e desrespeito perante a cúpula espiritual da Umbanda, onde em diversos locais é colocado o preço da vil moeda para intercâmbios espirituais e diversos tipos de trabalhos. 

Neste "BUM" de casas ditas umbandistas, vemos seus fundadores injetarem diversos ritos, liturgias e fundamentos que proviam de diversos outros cultos para dentro de suas práticas umbandistas, onde muito destes novos fundamentos contradiziam as Leis de Umbanda deixadas pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas. Vemos então diversas práticas um tanto quanto discordantes com a Umbanda, tais quais, o sacrifício animal, a cobrança pelos trabalhos realizados, feituras de cabeça/santo, e em certos casos trabalhos de magia negativa realizados por supostas entidades de Umbanda. Tudo isso começou a ser feito em nome da Umbanda, e a religião que nada tinha a ver com isso, começou a ser vista com maus olhos, vista como um balcão de milagres, ou ainda, balcão de trocas, onde a pessoa dá uma garrafa de pinga, para receber em troca aquilo que desejara.

Entretanto, caros amigos, não foi essa a religião criada pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, não é esse o sentido com que essa religião veio à tona, em sua base sempre teve o Evangelho de Jesus como doutrina primordial, e a sua função na Terra é servir de Hospital da Alma.

E como todo o hospital, a Umbanda também se serve de métodos de atendimentos, onde através de uma triagem feita ao consulente, por exemplo, o centro pode acompanhar a assiduidade durante o tratamento, pode analisar as indicações passadas pelos guias, e mostrar que disciplina e ordem são elementos indispensáveis ao bom andamento dos tratamentos e trabalhos em um centro.

A Umbanda não é um local aonde as pessoas vão para se lamentar para os guias, elas vão para aprender, para buscar uma melhora, e como todo o tratamento médico, se não tiver cooperação do paciente, não há a cura desejada. O centro de Umbanda comprometido com os ideais deixados pelo Mestre Jesus, não se utiliza somente de aconselhamentos com os guias, mas ensina os seus frequentadores através de palestras, de cursos, de estudos, mostrando que tem muito mais a oferecer.

A Umbanda, minha gente, não é balcão de trocas, é hospital de almas. Os tempos são chegados, e com ele a espiritualização do ser terreno, aos poucos a Umbanda retoma sua cara, readquirindo a forma e a função com que foi criada. Que Deus abençoe a amada Umbanda.