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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Estudando o Hipnotismo

Salve à todos os leitores do blog, no dia de hoje buscamos trazer um estudo muito interessante, que aborda uma das técnicas usadas na obsessão, trata-se do hipnotismo. Técnica esta que muitas vezes nos deixa a mercê de influências mentais, que acabam nos sugestionando a pensar e agir de maneira programada.

"O que nos importa, entretanto, considerar, é o mecanismo como se efetuam as intervenções hipnológicas entre os indivíduos encarnados, e mais particularmente entre desencarnados e encarnados, nos processos dolorosamente obsessivos, tanto quanto na reciprocidade do intercâmbio entre os despidos da indumentária carnal.

As ondas mentais exteriorizadas pelo cérebro mantêm firme intercâmbio em todos os quadrantes da Terra e fora dela. Pensamentos atuam sobre homens e mulheres desprevenidas e a sugestão campeia vitoriosa aliciando forças positivas ou negativas com as quais sintonizam, em lacerantes conúbios dos quais nascem prisões e surgem alvarás de liberdade, por onde transitam opiniões, aspirações, anseios... Merece relembrado o conceito do Nazareno: Onde estiver o tesouro aí o homem terá o coração, o que equivale dizer que cada ser respira o clima da província em que situa os valores que lhe servem de retentiva na retaguarda ou que se constituem asas de libertação para o futuro.

Pensamento e vontade — eis as duas alavancas de propulsão ao infinito e, ao mesmo tempo, os dois elos de escravidão nos redutos infelizes e pestilenciais do «inferno» das paixões.
«Pensar e agir, identificando-se com os fatores da atenção, constituem a fórmula mágica do comportamento individual a princípio, e coletivo logo depois, em que, ora por instinto gregário, ora por afinidade psíquica, se reúnem os comensais desta, ou daquela ideia.

Céu ou inferno, portanto, são dependências que construímos em nosso íntimo, vitalizadas pelas aspirações e mantidas a longo esforço pelas atitudes que imprimimos ao dia-a-dia da existência. “Por tais processos, províncias de angústia e regiões de suplício, oásis de ventura e ilhas de esperança nascem no recôndito de cada mente e se multiplicam ao império de incontáveis vontades que se reúnem, em todos os departamentos do planeta”. Inicialmente, o homem se converte no anjo ou no demônio, que ele próprio elabora por força da ideia superior ou viciada em que se compras, sintonizando, por um processo natural de afinidades, com outras mentes encarnadas ou não, que vibram nas mesmas faixas-pensamento, produzindo processos de hipnose profunda que se despersonalizam e se nutrem, sustentados, reciprocamente, por forças vitais de fácil manipulação inconsciente, que gravitam em toda a parte.

Nesse sentido, convém considerar as lições superiores do Espiritismo, que oferece panorama de elevada estrutura mental e moral, facultando registos de ideias superiores capazes de manterem uma higiene psíquica libertadora de toda conexão com as Entidades infelizes do Mundo Espiritual Inferior ou com as vibrações que pairam na Terra mesma, e que procedem de vigorosas mentes ainda agrilhoadas, que se imantam umas às outras, realizando intercâmbio danoso, de longo curso e de imprevisíveis consequências.

Em todo processo hipnológico, pois, convém examinar a questão da sintonia e da sugestão, com razões poderosas, senão imprescindíveis para a consecução dos objetivos: a fixação da ideia invasora.
«O Professor José Grasset, por exemplo, o excelente mestre de Montpeliier, inspirado nas observações realizadas em torno do polígono cerebral que também servira de base a Wundt e Charcot, afirmava ter descoberto ali o centro da consciência, o núcleo da vontade, colocando, imediatamente abaixo, o centro de Broca, responsável, pelos encargos da linguagem e os responsáveis pela visão, audição, gustação, etc... Imaginava, então, um ponto de referência que passava a ser o centro do psiquismo superior, encarregado dos fenômenos conscientes e no polígono propriamente dito o campo do pensamento e da vontade, encarregado de todas as tarefas do automatismo psicológico. Elucidava, em consequência, que toda sugestibilidade que dimana do operador se transmite inconscientemente tomando posse do campo cerebral, no polígono do hipnotizado. A vontade dominante se encarrega de conduzir a vontade dominada, como se a alma de quem hipnotiza substituísse momentaneamente a alma do que foi hipnotizado. Dessa forma, o hipnotismo pode ser denominado, como querem alguns experimentadores, «O anestésico da razão».

Já o psicólogo inglês Guilherme Mac-Dougall, igualmente fascinado pelo assunto, asseverava, examinando o problema da sugestão na hipnose, que esta é um meio de transmissão do pensamento, tendo como resultado a convicta aceitação de qualquer mensagem proposta independendo de análise pelo paciente com exame lógico para a sua aquiescência. Isto é: o operador impõe-se ao sujeito, que o recebe sem reação proveniente de exame prévio.

“Em bom vernáculo, sugestão é o ato ou efeito de sugerir. Inspiração, estímulo, instigação. Ideia provocada em uma pessoa em estado de hipnose ou por simples telepatia”.

A sugestão é, portanto, a inspiração incidente, constante, que atua sobre a mente, provocando a aceitação e a automática obediência. Por essa razão, Forel informa que os cérebros sadios são mais fáceis de aceitar a sugestão, e Emilio Coué, discípulo de Liébault, prefere considerar que os pacientes capazes de autossugestionar-se são melhores para que com eles se lobriguem resultados mais explícitos e imediatos.
Outros autores, como é o caso do insigne Pavlov, o «pai» dos reflexos nos animais e no homem, elucidam que o sono natural hipnótico e a inibição constituem a mesma coisa, deixando transparecer que, no momento em que essa inibição se generaliza, permanecendo a causa preponderante, tende a espalhar-se, facultando ao hipnotizando aceitar a sugestão que prepondera.

Ocorre, entretanto, que todos os seres têm uma tendência ancestral, natural, para a obediência, o que se transforma num condicionamento inconsciente para aceitar toda ordem exterior, quando não se tem uma lucidez equilibrada e firme capaz de neutralizar as ideias externas que são sugeridas.

No fenômeno hipnológico há outro fator de grande valia que é a perseverança, a constância da ideia que se sugere naquele que a recebe. Lentamente a princípio tem início a penetração da vontade que, se continuada, termina por dominar a que se lhe submete. Os modernos psicanalistas e reflexologistas situam as suas observações, os primeiros nos reflexos condicionados, que pretendem ser um «estado de inibição difusa somática cortical» com a presença de um ponto de vigília, enquanto os segundos se referem a um «processo regressivo particular que pode ser iniciado por privação senso-motora ideativa ou por estimulação de uma relação arcaica com o hipnotista».

Os conceitos emitidos com sabedoria e em síntese prodigiosa, considerando-se a imensa variedade de opiniões em torno do Hipnotismo, nos deslumbravam. Que mundo estranho e imenso, o da mente! Quantas paisagens desconhecidas para nós! Os próprios estudiosos dos fenômenos psíquicos, na Terra e além da vida física, encontravam-Se empenhados milenarmente na elucidação das questões palpitantes da vida mental, encontrando, só agora, alguns pontos vígeis para elucidações dos processos de intercâmbio entre homens e homens, espíritos desencarnados e encarnados.

Deixava-me arrastar em considerações, na pausa que se fizera espontânea, quando a Entidade Abnegada prosseguiu:

— Isto posto, meus irmãos, examinemos o problema das obsessões entre os desencarnados e encarnados, na esfera física. Em todo processo de imantação mental, do qual decorrem os sucedâneos da obsessão simples, da fascinação e da subjugação — conforme a classificação perfeita de Allan Kardec —, há sempre fatores predisponentes e preponderantes que se perdem no intrincado das reencarnações.

Toda vítima de hoje é algoz de ontem, tomando o lugar que lhe cabe no concerto cósmico. Assim considerando, em quase todos os processos de loucura — exceção feita não somente aos casos orgânicos de ataque microbiano à massa encefálica ou traumatismo por choques de objetos contundentes — defrontamos com rigorosas obsessões em que o amor desequilibrado e o ódio devastador são agentes de poderosa atuação.

Quando há um processo de obsessão desta ou daquela natureza, o paciente possui os condicionamentos psíquicos — lembranças inconscientes do débito através das quais se vincula ao perseguidor —, que facultam a sintonia e a aceitação das ideias sugeridas e constringentes que chegam do plano espiritual. Se o paciente é experimentado nas disciplinas morais, embora os compromissos negativos de que padece, consegue, pela conquista de outros méritos, senão contrabalançar as antigas dívidas pelo menos granjear recursos para resgatá-las por outros processos que não os da obsessão.

As Leis Divinas são de justiça, indubitavelmente; no entanto, são também de amor e de misericórdia. O Senhor não deseja a punição do infrator, antes quer o seu reajuste à ordem, ao dever, para a sua própria felicidade. Desse modo, quando a entidade perseguidora, consciente ou não, se vincula ao ser perseguido, obedece a impulso automático de sintonia espiritual por meio da qual estabelece os primeiros contatos psíquicos, no centro da ideia, na região cortical inicialmente e depois nos recônditos do polígono cerebral, donde comanda as diretrizes da vida psíquica e orgânica, produzindo ali lesões desta ou daquela natureza, cujos reflexos aparecem na distrofia e desarticulação dos órgãos ligados à sede atacada pela força-pensamento invasora.
Desse centro de comando, em que o hóspede se sobrepõe ao hospedeiro, as alienações mentais e os distúrbios orgânicos se generalizam em longo curso, que a morte do obsidiado nem sempre interrompe.
A consciência culpada é sempre porta aberta à invasão da penalidade justa ou arbitrária. E o remorso, que lhe constitui dura clave, faculta o surgimento de ideias fantasmas apavorantes que ensejam os processos obsessivos de resgate das dívidas.

Invariavelmente, na obsessão, há sempre o aproveitamento da ideia traumatizante — a presença do crime praticado —, que é utilizada pela mente que se faz perseguidora revel, apressando o desdobramento das forças deprimentes em latência, no devedor, as quais, desgovernadas, gravitam em torno de quem as elabora, sendo consumido por elas mesmas, paulatinamente.

Nas atividades da obsessão de espíritos a espíritos desencarnados, aqueles verdugos, conhecedores das limitações e dos erros dos recém-chegados da jornada carnal, após os terem acompanhado anos a fio, com sicários implacáveis, utilizam-se de ardis com que apavoram os desassisados, e por processos de sugestão, aplicados com veemência nos centros perispirituais, conseguem produzir lamentáveis condicionamentos de alteração na forma das vítimas que se lhes demoram nas garras, dominando-as, por fim, em demorado curso de vingança ultriz e devastadora.

As ideias plasmadas e aceitas pelo cérebro, durante a jornada física, criam nos painéis delicados do perispírito as imagens mais vitalizadas, de que se utilizam os hipnotizadores espirituais para recompor o quadro apavorante, em cujas malhas o imprevidente se vê colhido, derrapando para o desequilíbrio psíquico total e deixando-se revestir por formas animalescas grotescas — que já se encontram no subconsciente da própria vítima — e que estrugem, infelizes, como o látego da justiça no necessitado de corretivo.
No sentido oposto, as ideias superiores, alimentadas pelo espírito em excursão vitoriosa, condicionam-no à libertação, concedendo «peso específico» ao seu perispírito, que pode, então, librar além e acima das vicissitudes grosseiras do liame carnal.
Com muita sabedoria, Allan Kardec enunciou que: Relativamente às sensações que vêm do mundo exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão; o perispírito a transmite e o Espírito, que é o ser sensível e inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizer-se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa — elucidando, em admirável síntese, o poder do pensamento na vida orgânica e das sensações no Espírito (4).
Amplo silêncio se espraiou pela sala. Todos mergulhamos em meditações, enquanto o angélico Instrutor propiciou uma pausa para reflexão dos ouvintes. E como fazendo as elucubrações para finalizar, arrematou:

— Por essa razão, a vitalização de ideias edificantes constrói o céu generoso da felicidade, tanto quanto a mentalização deprimente gera o inferno da aflição que passa a governar o comportamento do espírito. É nesse particular que se avultam as lições soberanas do Mestre Galileu, conclamando o homem ao ajustamento à vida, respeitando-lhe as diretrizes abençoadas, através das medidas da mansuetude, da compaixão, da misericórdia, do amor indistinto e do perdão incessante.
«Reverenciamos hoje na Terra, felizmente, o Espiritismo com Jesus, verdadeira fonte de ideias superiores e enobrecidas que libertam õ espírito e o conduzem às verdadeiras causas em que devem residir os seus legítimos interesses, fazendo que a dúvida seja banida, no que diz respeito à vida verdadeira, e trabalhando contra o egoísmo, fator infeliz de quase todos os males que afligem a Humanidade.

Se alguém incide em erro, que se levante do equívoco e recomece o trabalho da própria dignificação. O erro representa lição que não pode constituir látego, mas ensejo de enobrecimento pela oportunidade que faculta para a reparação e o refazimento.

O intercâmbio permanente dos Espíritos de uma com outra esfera da vida objetiva, seguramente, oferece ao homem a visão porvindoura do que, desde já, lhe está reservado. No entanto, para dizer-se alguém espírita não basta que se tenha adentrado nos conceitos espiritistas ou participado de algumas experiências práticas da mediunidade... É imprescindível incorporar ao modo de vida os ensinamentos dos Espíritos da Luz, tomando parte ativa na jornada de redenção do homem, por todos os modos e por todos os meios ao alcance, para que triunfem os postulados da paz, da justiça e do amor entre todas as criaturas.

Nesse particular, o amor, conforme nos legou Jesus-Cristo, possui a força sublime capaz de nos preservar de nós mesmos, ainda jornaleiros do instinto, ensinando-nos que a felicidade tem as suas bases na renúncia e na abnegação, ensejando-nos mais ampla visão de responsabilidade e dever na direção do futuro.

Dia virá, não muito longe, em que a dor baterá em retirada, definitivamente, e o intercâmbio do bem, pela força criadora do amor que se origina nos Dínamos Mentais da Divina Providência, envolverá vigorosamente todos os seres e os conduzirá à direção da tranquilidade plena, em cujo caminho já nos encontramos desde agora... «Confiemos, pois, na vitória final do bem e desde logo nos entreguemos ao Sumo Bem que cuidará do nosso próprio bem»".

(4) “Obras Póstumas” — Allan Kardec — 11ª edição —“Manifestações dos Espíritos” — Item 11 — FEB. — Nota do Autor espiritual.


Fonte: "Nos Bastidores da Obsessão" - Manoel Philomeno de Miranda/ Divaldo P. Franco

Nota: No texto o autor espiritual utiliza muito o termo "espiritismo" e "espiritista", tendo isto em vista, gostaríamos de lembrarmos àqueles que por algum motivo ou outro se sentirem incomodados, pensando que o blog é de Umbanda e não deveriam ter mensagens ditas espíritas que, em primeiro lugar o termo espiritismo e espiritista significa "aqueles que acreditam na vida dos espíritos", isto é, que creem nos espíritos, como o próprio Allan Kardec classifica estes termos em "O Livro dos Espíritos" no item I da introdução. E em segundo lugar que estes estudos passados pelo espírito comunicante se passava em um Centro Espírita, sendo assim, é óbvio que ele usaria os termos de tal religião. Outro conselho que damos aos irmãos é que meditem a cerca do preconceito, e então indicamos a leitura de um post de nosso blog com título "PRECONCEITO ESPIRITUAL". Compreendendo isto, acreditamos que devemos estudar sempre, pois não são os espíritos que são atrasados, mas o homem que se atrasa mediante sua ignorância e seu preconceito, não se permitindo ir adiante nos seus conhecimentos. Deixamos aqui os nossos votos de bons estudos e um Saravá fraterno à todos.


+Luz naUmbanda