Salve à todos os leitores do blog, no dia de hoje buscamos trazer um estudo muito interessante, que aborda uma das técnicas usadas na obsessão, trata-se do hipnotismo. Técnica esta que muitas vezes nos deixa a mercê de influências mentais, que acabam nos sugestionando a pensar e agir de maneira programada.
"O que nos importa, entretanto,
considerar, é o mecanismo como se efetuam as intervenções hipnológicas entre os
indivíduos encarnados, e mais particularmente entre desencarnados e encarnados,
nos processos dolorosamente obsessivos, tanto quanto na reciprocidade do
intercâmbio entre os despidos da indumentária carnal.
As ondas mentais exteriorizadas
pelo cérebro mantêm firme intercâmbio em todos os quadrantes da Terra e fora
dela. Pensamentos atuam sobre homens e mulheres desprevenidas e a sugestão
campeia vitoriosa aliciando forças positivas ou negativas com as quais
sintonizam, em lacerantes conúbios dos quais nascem prisões e surgem alvarás de
liberdade, por onde transitam opiniões, aspirações, anseios... Merece relembrado o conceito do
Nazareno: Onde estiver o tesouro aí o homem terá o coração, o que equivale
dizer que cada ser respira o clima da província em que situa os valores que lhe
servem de retentiva na retaguarda ou que se constituem asas de libertação para
o futuro.
Pensamento e vontade — eis as
duas alavancas de propulsão ao infinito e, ao mesmo tempo, os dois elos de
escravidão nos redutos infelizes e pestilenciais do «inferno» das paixões.
«Pensar e agir, identificando-se
com os fatores da atenção, constituem a fórmula mágica do comportamento
individual a princípio, e coletivo logo depois, em que, ora por instinto
gregário, ora por afinidade psíquica, se reúnem os comensais desta, ou daquela
ideia.
Céu ou inferno, portanto, são
dependências que construímos em nosso íntimo, vitalizadas pelas aspirações e
mantidas a longo esforço pelas atitudes que imprimimos ao dia-a-dia da
existência. “Por tais processos, províncias de angústia e regiões de suplício,
oásis de ventura e ilhas de esperança nascem no recôndito de cada mente e se
multiplicam ao império de incontáveis vontades que se reúnem, em todos os
departamentos do planeta”. Inicialmente, o homem se converte no anjo ou no demônio,
que ele próprio elabora por força da ideia superior ou viciada em que se
compras, sintonizando, por um processo natural de afinidades, com outras mentes
encarnadas ou não, que vibram nas mesmas faixas-pensamento, produzindo
processos de hipnose profunda que se despersonalizam e se nutrem, sustentados,
reciprocamente, por forças vitais de fácil manipulação inconsciente, que
gravitam em toda a parte.
Nesse sentido, convém considerar
as lições superiores do Espiritismo, que oferece panorama de elevada estrutura
mental e moral, facultando registos de ideias superiores capazes de manterem
uma higiene psíquica libertadora de toda conexão com as Entidades infelizes do
Mundo Espiritual Inferior ou com as vibrações que pairam na Terra mesma, e que
procedem de vigorosas mentes ainda agrilhoadas, que se imantam umas às outras,
realizando intercâmbio danoso, de longo curso e de imprevisíveis consequências.
Em todo processo hipnológico,
pois, convém examinar a questão da sintonia e da sugestão, com razões
poderosas, senão imprescindíveis para a consecução dos objetivos: a fixação da
ideia invasora.
«O Professor José Grasset, por
exemplo, o excelente mestre de Montpeliier, inspirado nas observações
realizadas em torno do polígono cerebral que também servira de base a Wundt e
Charcot, afirmava ter descoberto ali o centro da consciência, o núcleo da
vontade, colocando, imediatamente abaixo, o centro de Broca, responsável, pelos
encargos da linguagem e os responsáveis pela visão, audição, gustação, etc...
Imaginava, então, um ponto de referência que passava a ser o centro do psiquismo
superior, encarregado dos fenômenos conscientes e no polígono propriamente dito
o campo do pensamento e da vontade, encarregado de todas as tarefas do automatismo
psicológico. Elucidava, em consequência, que toda sugestibilidade que dimana do
operador se transmite inconscientemente tomando posse do campo cerebral, no polígono
do hipnotizado. A vontade dominante se encarrega de conduzir a vontade
dominada, como se a alma de quem hipnotiza substituísse momentaneamente a alma
do que foi hipnotizado. Dessa forma, o hipnotismo pode ser denominado, como
querem alguns experimentadores, «O anestésico da razão».
Já o psicólogo inglês Guilherme
Mac-Dougall, igualmente fascinado pelo assunto, asseverava, examinando o
problema da sugestão na hipnose, que esta é um meio de transmissão do
pensamento, tendo como resultado a convicta aceitação de qualquer mensagem
proposta independendo de análise pelo paciente com exame lógico para a sua
aquiescência. Isto é: o operador impõe-se ao sujeito, que o recebe sem reação
proveniente de exame prévio.
“Em bom vernáculo, sugestão é o
ato ou efeito de sugerir. Inspiração, estímulo, instigação. Ideia provocada em
uma pessoa em estado de hipnose ou por simples telepatia”.
A sugestão é, portanto, a
inspiração incidente, constante, que atua sobre a mente, provocando a aceitação
e a automática obediência. Por essa razão, Forel informa que os cérebros sadios
são mais fáceis de aceitar a sugestão, e Emilio Coué, discípulo de Liébault,
prefere considerar que os pacientes capazes de autossugestionar-se são melhores
para que com eles se lobriguem resultados mais explícitos e imediatos.
Outros autores, como é o caso do
insigne Pavlov, o «pai» dos reflexos nos animais e no homem, elucidam que o
sono natural hipnótico e a inibição constituem a mesma coisa, deixando
transparecer que, no momento em que essa inibição se generaliza, permanecendo a
causa preponderante, tende a espalhar-se, facultando ao hipnotizando aceitar a
sugestão que prepondera.
Ocorre, entretanto, que todos os
seres têm uma tendência ancestral, natural, para a obediência, o que se
transforma num condicionamento inconsciente para aceitar toda ordem exterior,
quando não se tem uma lucidez equilibrada e firme capaz de neutralizar as ideias
externas que são sugeridas.
No fenômeno hipnológico há outro
fator de grande valia que é a perseverança, a constância da ideia que se sugere
naquele que a recebe. Lentamente a princípio tem início a penetração da vontade
que, se continuada, termina por dominar a que se lhe submete. Os modernos
psicanalistas e reflexologistas situam as suas observações, os primeiros nos
reflexos condicionados, que pretendem ser um «estado de inibição difusa somática
cortical» com a presença de um ponto de vigília, enquanto os segundos se
referem a um «processo regressivo particular que pode ser iniciado por privação
senso-motora ideativa ou por estimulação de uma relação arcaica com o hipnotista».
Os conceitos emitidos com
sabedoria e em síntese prodigiosa, considerando-se a imensa variedade de
opiniões em torno do Hipnotismo, nos deslumbravam. Que mundo estranho e imenso,
o da mente! Quantas paisagens desconhecidas para nós! Os próprios estudiosos
dos fenômenos psíquicos, na Terra e além da vida física, encontravam-Se
empenhados milenarmente na elucidação das questões palpitantes da vida mental,
encontrando, só agora, alguns pontos vígeis para elucidações dos processos de
intercâmbio entre homens e homens, espíritos desencarnados e encarnados.
Deixava-me arrastar em
considerações, na pausa que se fizera espontânea, quando a Entidade Abnegada
prosseguiu:
— Isto posto, meus irmãos,
examinemos o problema das obsessões entre os desencarnados e encarnados, na
esfera física. Em todo processo de imantação mental, do qual decorrem os
sucedâneos da obsessão simples, da fascinação e da subjugação — conforme a
classificação perfeita de Allan Kardec —, há sempre fatores predisponentes e
preponderantes que se perdem no intrincado das reencarnações.
Toda vítima de hoje é algoz de
ontem, tomando o lugar que lhe cabe no concerto cósmico. Assim considerando, em
quase todos os processos de loucura — exceção feita não somente aos casos
orgânicos de ataque microbiano à massa encefálica ou traumatismo por choques de
objetos contundentes — defrontamos com rigorosas obsessões em que o amor
desequilibrado e o ódio devastador são agentes de poderosa atuação.
Quando há um processo de obsessão
desta ou daquela natureza, o paciente possui os condicionamentos psíquicos —
lembranças inconscientes do débito através das quais se vincula ao perseguidor
—, que facultam a sintonia e a aceitação das ideias sugeridas e constringentes
que chegam do plano espiritual. Se o paciente é experimentado nas disciplinas
morais, embora os compromissos negativos de que padece, consegue, pela
conquista de outros méritos, senão contrabalançar as antigas dívidas pelo menos
granjear recursos para resgatá-las por outros processos que não os da obsessão.
As Leis Divinas são de justiça, indubitavelmente;
no entanto, são também de amor e de misericórdia. O Senhor não deseja a punição
do infrator, antes quer o seu reajuste à ordem, ao dever, para a sua própria
felicidade. Desse modo, quando a entidade perseguidora, consciente ou não, se
vincula ao ser perseguido, obedece a impulso automático de sintonia espiritual
por meio da qual estabelece os primeiros contatos psíquicos, no centro da ideia,
na região cortical inicialmente e depois nos recônditos do polígono cerebral, donde
comanda as diretrizes da vida psíquica e orgânica, produzindo ali lesões desta
ou daquela natureza, cujos reflexos aparecem na distrofia e desarticulação dos
órgãos ligados à sede atacada pela força-pensamento invasora.
Desse centro de comando, em que o
hóspede se sobrepõe ao hospedeiro, as alienações mentais e os distúrbios
orgânicos se generalizam em longo curso, que a morte do obsidiado nem sempre
interrompe.
A consciência culpada é sempre
porta aberta à invasão da penalidade justa ou arbitrária. E o remorso, que lhe
constitui dura clave, faculta o surgimento de ideias fantasmas apavorantes que
ensejam os processos obsessivos de resgate das dívidas.
Invariavelmente, na obsessão, há
sempre o aproveitamento da ideia traumatizante — a presença do crime praticado
—, que é utilizada pela mente que se faz perseguidora revel, apressando o
desdobramento das forças deprimentes em latência, no devedor, as quais,
desgovernadas, gravitam em torno de quem as elabora, sendo consumido por elas
mesmas, paulatinamente.
Nas atividades da obsessão de
espíritos a espíritos desencarnados, aqueles verdugos, conhecedores das
limitações e dos erros dos recém-chegados da jornada carnal, após os terem
acompanhado anos a fio, com sicários implacáveis, utilizam-se de ardis com que
apavoram os desassisados, e por processos de sugestão, aplicados com veemência
nos centros perispirituais, conseguem produzir lamentáveis condicionamentos de
alteração na forma das vítimas que se lhes demoram nas garras, dominando-as,
por fim, em demorado curso de vingança ultriz e devastadora.
As ideias plasmadas e aceitas
pelo cérebro, durante a jornada física, criam nos painéis delicados do perispírito
as imagens mais vitalizadas, de que se utilizam os hipnotizadores espirituais para
recompor o quadro apavorante, em cujas malhas o imprevidente se vê colhido,
derrapando para o desequilíbrio psíquico total e deixando-se revestir por
formas animalescas grotescas — que já se encontram no subconsciente da própria
vítima — e que estrugem, infelizes, como o látego da justiça no necessitado de
corretivo.
No sentido oposto, as ideias
superiores, alimentadas pelo espírito em excursão vitoriosa, condicionam-no à
libertação, concedendo «peso específico» ao seu perispírito, que pode, então,
librar além e acima das vicissitudes grosseiras do liame carnal.
Com muita sabedoria, Allan Kardec
enunciou que: Relativamente às sensações que vêm do mundo exterior, pode-se
dizer que o corpo recebe a impressão; o perispírito a transmite e o Espírito,
que é o ser sensível e inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do
Espírito, pode dizer-se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo
executa — elucidando, em admirável síntese, o poder do pensamento na vida
orgânica e das sensações no Espírito (4).
Amplo silêncio se espraiou pela
sala. Todos mergulhamos em meditações, enquanto o angélico Instrutor propiciou
uma pausa para reflexão dos ouvintes. E como fazendo as elucubrações para
finalizar, arrematou:
— Por essa razão, a vitalização
de ideias edificantes constrói o céu generoso da felicidade, tanto quanto a
mentalização deprimente gera o inferno da aflição que passa a governar o
comportamento do espírito. É nesse particular que se avultam as lições
soberanas do Mestre Galileu, conclamando o homem ao ajustamento à vida,
respeitando-lhe as diretrizes abençoadas, através das medidas da mansuetude, da
compaixão, da misericórdia, do amor indistinto e do perdão incessante.
«Reverenciamos hoje na Terra,
felizmente, o Espiritismo com Jesus, verdadeira fonte de ideias superiores e
enobrecidas que libertam õ espírito e o conduzem às verdadeiras causas em que
devem residir os seus legítimos interesses, fazendo que a dúvida seja banida,
no que diz respeito à vida verdadeira, e trabalhando contra o egoísmo, fator
infeliz de quase todos os males que afligem a Humanidade.
Se alguém incide em erro, que se
levante do equívoco e recomece o trabalho da própria dignificação. O erro
representa lição que não pode constituir látego, mas ensejo de enobrecimento
pela oportunidade que faculta para a reparação e o refazimento.
O intercâmbio permanente dos
Espíritos de uma com outra esfera da vida objetiva, seguramente, oferece ao
homem a visão porvindoura do que, desde já, lhe está reservado. No entanto,
para dizer-se alguém espírita não basta que se tenha adentrado nos conceitos
espiritistas ou participado de algumas experiências práticas da mediunidade...
É imprescindível incorporar ao modo de vida os ensinamentos dos Espíritos da
Luz, tomando parte ativa na jornada de redenção do homem, por todos os modos e
por todos os meios ao alcance, para que triunfem os postulados da paz, da
justiça e do amor entre todas as criaturas.
Nesse particular, o amor,
conforme nos legou Jesus-Cristo, possui a força sublime capaz de nos preservar
de nós mesmos, ainda jornaleiros do instinto, ensinando-nos que a felicidade
tem as suas bases na renúncia e na abnegação, ensejando-nos mais ampla visão de
responsabilidade e dever na direção do futuro.
Dia virá, não muito longe, em que
a dor baterá em retirada, definitivamente, e o intercâmbio do bem, pela força
criadora do amor que se origina nos Dínamos Mentais da Divina Providência,
envolverá vigorosamente todos os seres e os conduzirá à direção da
tranquilidade plena, em cujo caminho já nos encontramos desde agora... «Confiemos,
pois, na vitória final do bem e desde logo nos entreguemos ao Sumo Bem que
cuidará do nosso próprio bem»".
(4) “Obras Póstumas” — Allan
Kardec — 11ª edição —“Manifestações dos Espíritos” — Item 11 — FEB. — Nota do
Autor espiritual.
Fonte: "Nos Bastidores da Obsessão" - Manoel Philomeno de Miranda/ Divaldo P. Franco
Nota: No texto o autor espiritual utiliza muito o termo "espiritismo" e "espiritista", tendo isto em vista, gostaríamos de lembrarmos àqueles que por algum motivo ou outro se sentirem incomodados, pensando que o blog é de Umbanda e não deveriam ter mensagens ditas espíritas que, em primeiro lugar o termo espiritismo e espiritista significa "aqueles que acreditam na vida dos espíritos", isto é, que creem nos espíritos, como o próprio Allan Kardec classifica estes termos em "O Livro dos Espíritos" no item I da introdução. E em segundo lugar que estes estudos passados pelo espírito comunicante se passava em um Centro Espírita, sendo assim, é óbvio que ele usaria os termos de tal religião. Outro conselho que damos aos irmãos é que meditem a cerca do preconceito, e então indicamos a leitura de um post de nosso blog com título "PRECONCEITO ESPIRITUAL". Compreendendo isto, acreditamos que devemos estudar sempre, pois não são os espíritos que são atrasados, mas o homem que se atrasa mediante sua ignorância e seu preconceito, não se permitindo ir adiante nos seus conhecimentos. Deixamos aqui os nossos votos de bons estudos e um Saravá fraterno à todos.
+Luz naUmbanda
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