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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Exus e sua ação no cemitério


No post de hoje buscamos nas palavras de Pai João de Aruanda e de Exu Caveira algumas elucidações sobre a ação dos Exus Caveiras nos cemitérios, e ainda, na palavra destes dois amigos espirituais, a compreensão do importante trabalho que estes espíritos realizam, bem como a desmistificação de alguns excessos e preconceitos, trazidos tanto por parte de umbandistas como espíritas.


A fim de situar o leitor no texto, Raul que é um médium em desdobramento, Ângelo Inácio que faz o papel de jornalista do plano astral, vivenciando as situações e transcrevendo-as através da psicografia para o plano material e João Cobú que é Pai João de Aruanda, estão em uma incursão no cemitério, a fim de compreender o que se passa dentro do mesmo na realidade astral.

— O cruzeiro, meus filhos, presente em quase todo cemitério, é o ponto de convergência de vibrações mais sutis, que atendem às necessidades dos guardiões em suas tarefas. As pessoas que visitam os cemitérios em geral se dirigem ao cruzeiro, onde realizam suas orações para os pretensos mortos. Com o tempo, essas mesmas vibrações, de devoção, saudade e amor, criam essa aura que se irradia daqui. Também é nesse espaço que os chamados exus caveira, guardiões dedicados a estes distritos, reúnem-se para determinar suas ações, de cujo benefício muitas dessas almas desesperadas não podem prescindir. Se não fosse a determinação desses comandos especializados, que trabalham no resgate e na condução das almas desequilibradas, há muito os magos negros já teriam dominado completamente todos os cemitérios do planeta, transformando-os em laboratórios de extração de ectoplasma.

— Quando chegamos aqui, aqueles espíritos que estão lá fora tentavam vencer a segurança — principiou Raul, fazendo menção com o braço. — Eles estão sob o comando dos magos? Desta vez foi o guardião quem respondeu:

— Os seres em forma de réptil são degenerações do aspecto espiritual de pessoas que se especializaram no roubo de energias vitais. Procuram os restos de ectoplasma que ficam no ambiente dos cemitérios após o sepultamento. Embora não percam o patrimônio intelectual adquirido, trazem a consciência nublada, e, aos poucos, sua forma exterior vai degenerando. Nossa tarefa é justamente assegurar que não obtenham o que vieram buscar. Devemos impedir que capturem tanto essas energias vitais quanto aqueles espíritos que ainda se apegam ao corpo, suas presas prediletas, como poderão ver depois.

— Mas parecem compor um grupo muito grande... Como vocês conseguem rechaçar as investidas deles?

— Há mais ou menos 40 anos, recebemos a incumbência de trabalhar mais intensamente nos cemitérios. O tata, nosso orientador e líder, recebeu certos recursos das dimensões superiores e nos equipou de tal maneira que hoje formamos grupos em todo o planeta, preparados para o enfrentamento desses ataques. Segundo o tata nos transmitiu, a ordem do Alto era para que impedíssemos a ação dos vampiros de energia e formássemos uma linha de defesa nos ambientes dos cemitérios. Muitos magos negros e feiticeiros se apoderam de espíritos ainda prisioneiros dos despojos e os transformam em marionetes, cobaias para suas experiências. Nesse particular, os guardiões interferem profundamente nos planos dos magos das trevas, interrompendo o fluxo criado diretamente entre os cemitérios e seus laboratórios. O roubo de energias vitais está cada vez menos intenso. A ordem do Alto é erradicar completamente dos ambientes inferiores qualquer vestígio da ação das trevas.

— Então o trabalho de vocês não para nunca...

— Infelizmente temos de lidar com a ignorância de inúmeros espiritualistas. Por exemplo, quando um de nossos guardiões é percebido em reuniões mediúnicas, conduzindo espíritos para serem resgatados, somos mal interpretados pelos médiuns que não estudam nem suspeitam de nosso trabalho. A simples visão de uma caveira evoca na mente dos sensitivos imagens negativas, associações relacionadas à morte, como se fosse um tema macabro. É incrível o pavor que sentem pela morte muitos daqueles que lidam com os espíritos e postulam a reencarnação! Não é uma incoerência? Fato é que, ao sermos vistos, informam aos dirigentes que um exu com aspecto de caveira está presente, carregando prisioneiro outro espírito. Pronto: assumem atitude paternalista e, como a visão depende de quem olha, enxergam um bandido subjugando a suposta vítima.

Nesse ponto da conversa, Pai João interrompeu o guardião e continuou em seu lugar:

— O dirigente, despreparado, não conhecendo o simbolismo utilizado no astral, conclui que exu caveira é a representação do mal. Através de uma indução quase hipnótica e uma associação infeliz de ideias, alguns médiuns, a partir de então, deixam sua parte anímica falar mais alto e relatam coisas inacreditáveis a respeito dos guardiões. O espírito que deveria ser resgatado é liberado, como se fosse um sofredor, e o guardião ou exu é doutrinado, conforme dita o figurino adotado em larga escala nos centros espíritas. Terminada a reunião, o verdadeiro obsessor foi libertado, como se fosse um espírito necessitado, livre para voltar às suas atividades, e o guardião, que é o parceiro das atividades do bem, é confundido com espíritos maus.

— Isso mesmo — falou o guardião com o símbolo de caveira. — Por esse motivo, procuramos regularmente os centros umbandistas para nos auxiliar nas tarefas, pois neles nossos trabalhadores da polícia astral manifestam-se e são conhecidos como exus caveira. Evidentemente, também enfrentamos problemas sérios nos centros de umbanda, só que de natureza distinta. Com o tempo, porém, temos certeza de que cada vez mais umbandistas e espíritas se esclarecerão, de modo que possamos realizar um trabalho em parceria, com eficácia ainda maior.

— Se os umbandistas sabem sobre vocês e o papel que desempenham, por qual razão há problemas em sua participação?


— O conhecimento somente aos poucos vai conquistando as mentes e os corações dos verdadeiros umbandistas, assim como ocorre com todas as pessoas. Muitos médiuns e dirigentes estão cativos de ideias preconcebidas ou transmitidas por pessoas absolutamente despreparadas. Conhecem certos símbolos, sagrados para eles, e sabem de nossos nomes, é verdade. Entretanto, quando procuramos alguns médiuns para realizar um trabalho de parceria, teatralizam tanto a nossa manifestação através deles que perdem de vista o objetivo da tarefa. Existem casos extremos em que nos vemos compelidos a nos afastar, deixando o médium sozinho, entregue à encenação de um verdadeiro teatro. Encurva-se todo, fala palavras incompreensíveis, até mesmo palavrões, como se nos comportássemos de modo tão grotesco. Querem apenas uma plateia para aplaudir sua performance notável (1). "Graças ao investimento do Alto, vem surgindo uma geração de umbandistas cada vez mais conscientes, que têm procurado estudar, conhecer mais e trabalhar melhor sua mediunidade, de maneira mais afeita aos ideais superiores, o que também os torna mais aptos a promover resgates, defesas e limpezas no astral, atividades com as quais muitos guardiões, de diversas falanges, estão seriamente comprometidos."

Legião: Um olhar sobre o reino das sombras – Ângelo Inácio/ Robson Pinheiro


(1) Nota: Vejamos que o guardião elucida brevemente sobre alguns excessos realizados nos centros umbandistas, porém, devemos salientar que tais excessos não param por aí, nos dias atuais infelizmente ainda vemos entidades ditas “exus” incorporadas em seus médiuns fumando um cigarro atrás do outro, verdadeiras chaminés ambulantes, ainda vemos as mesmas entidades bebendo um copo atrás do outro de whisky, quando não seguram uma garrafa de pinga em baixo do braço, as “entidades” se vestem, colocam ternos pretos, capas longas, cartolas enfeitadas, sapatos de bico fino, enfim, se trajam todo para realizar alguma “tarefa”. Entretanto, será que uma entidade necessita de tudo isso para trabalhar? Será que não são os médiuns passando na frente dos guias, que ao invés de deixa-los realizar a tarefa, desvirtuam o objetivo da mesma, como bem elucidou o Exu Caveira no trecho a cima? É importante analisarmos tais aspectos, pois a Umbanda sempre foi simples, e talvez aí esteja o problema, pois para muitos a simplicidade não basta, tem de haver o exagero, e novamente utilizando as palavras de Exu Caveira, muitos buscam na manifestação mais o teatro do que o trabalho em parceria com a espiritualidade. Como já abordamos sobre os Exus em outros posts do blog, não iremos nos estender desnecessariamente, porém, aqueles que desejam estudar um pouco mais sobre os exus, vejam os posts com os nomes EXU e POSTURA E ROUPAGEM DOS GUARDIÕES.