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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O Céu e o Inferno na visão dos espíritos

Salve a todos os amigos leitores, no dia de hoje viemos com a proposta de desmistificar a ideia de Céu e Inferno que nos foi imposta por tanto tempo. Buscamos ainda fazer uma analogia do Inferno ao Umbral, demonstrando e explicando suas diferenças.


1012. Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seus merecimentos?


“Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.”


Já nessa primeira pergunta e resposta começamos a ver certos dogmas caírem por terra não é mesmo? Vejam que os espíritos já explicam que essa ideia de céu e inferno se relaciona com a felicidade do ser. Porém, vai além, nos mostra que o céu e o inferno como locais específicos não existem.

— De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?

“São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.”

A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender.

Vejamos que nessa segunda resposta os espíritos já comentam sobre a lei de afinidade vibratória, isto é, os espíritos com o mesmo tipo de pensamento e sentimento acabam por se reunirem, por serem afins uns com as energias e sensações do outro, ficando todos juntos e reunidos em certa localização.

Começamos então a compreender que essa ideia de céu e inferno como nos foi transmitida há tempos não procede, pois embora alguns espíritos sofram sim em conjunto, isto não significa que há um local destinado para penas eternas ou gozos eternos, conforme os espíritos nos elucidam.

Diante destas afirmações e respostas dos espíritos, alguns irmãos podem ter a seguinte dúvida, mas se o inferno como foi nos passado é um local de sofrimento, e o Umbral, palavra trazida nas diversas obras pelos espíritos, também o é, não seria o Umbral o próprio inferno, porém, apenas mudando a sua nomenclatura?

Não! Não seria, vejamos que embora o Umbral seja uma localidade onde se aglomeram espíritos em sofrimento, há grandes diferenças entre ele e o inferno, vamos ver algumas características que nos possibilitarão enxergarmos melhor tal afirmação.

Em primeiro lugar temos que observar quanto à localização do Umbral e do Inferno, vejam que o inferno como foi nos trazido seria uma localidade abaixo, isto é, enquanto o céu ficaria no em cima, em direção as estrelas, o inferno ficaria no embaixo, no subsolo terreno. Porém, tal concepção já foi batida quando descobrimos que a Terra é redonda, e podemos sair da mesma e ir em direção a outros planetas sem adentrarmos no céu, assim como não há o embaixo na Terra, pois além de ser redonda a mesma varia sua posição constantemente. Eis um Tabu que foi quebrado com o próprio avanço da ciência. Quanto à localização do Umbral, embora nas obras sejam utilizadas palavras como “baixo astral” e “umbral inferior”, tais termos são utilizados para demonstrar que tais localidades são extremamente densas energeticamente, claro está que o centro da terra é um local mais denso, e já vimos obras relatando que nestas regiões ficam espíritos perigosos, porém, ainda não há o que se falar em inferno nestas regiões, pois existem diversas localidades no plano astral  denominadas Umbral, não uma localidade específica, como se o Umbral fosse  em determinado local e pronto. Não é assim que funciona, como falamos, os espíritos se reúnem em determinadas regiões por afinidade de pensamento, e essas localidades podem variar de acordo com o tipo de pensamento e sentimento que o espírito sente e vivência.

Vamos tentar exemplificar aqui como ocorre essa afinidade, e demonstrar que se o inferno fosse assim como os espíritos classificam o Umbral, teríamos também o inferno entre os vivos. Vejam as localidades no plano físico denominadas por nós como crackolândias, por exemplo, são localidades extremamente sujas, e quem se direciona a estes locais são pessoas em processo vicioso e de dependência do crack. Vejam que todas estas pessoas tem um pensamento afim, desejam e necessitam do crack, todas se direcionam para o mesmo local e lá ficam, dormem, fazem suas necessidades, e aos poucos o local começa a se transformar em um lixão humano. Pois é, essa realidade é a que vivemos em quase todas, se não todas, as cidades de nosso país. Quando falamos dessa afinidade entre espíritos, acontece a mesma coisa no plano astral, porém, a problemática não é o vício pela droga, mas a viciação mental, a problemática que ainda o perturba, seja ela qual for, sendo assim, os espíritos com o mesmo tipo de enfermidade mental se reúnem em uma localidade do plano astral, do qual tal localidade começa também a sofrer sua transformação, porém, a mesma se dá devido aos pensamentos danosos emitidos pelos espíritos que ali se encontram, que devido a plasticidade do plano astral, começa a ser remodelada, ficando densa e com paisagem horripilante como vemos nas diversas obras espirituais.

Há ainda mais uma diferença que elencamos aqui, e da qual acreditamos ser uma das mais relevantes, isto é, a ideia de inferno nos transmite penas eternas, ou seja, após a morte quem vai para o inferno ficará eternamente em tal sofrimento, porém, quando falamos de Umbral, vemos que tal eternidade em sofrimento não existe, tal localidade é um período em que o espírito se encontrará até aprender sobre suas ações que o levaram a tal região, quando tiver tomado certa consciência e querer se ajudar poderá ser resgatado, como o caso de André Luiz, que no livro Nosso Lar demonstra ter passado 8 anos no Umbral e depois foi resgatado, levado para uma colônia que ensinava, auxiliava e o ajudou a hoje nos ajudar através de seus livros. Vejam que é muito diferente a ideia de pena e castigo eterno com a ideia de conscientização que os espíritos nos trazem, e ainda, não há a pena eterna, mas apenas um período de tempo e depois do reajuste íntimo o espírito tem a oportunidade de fazer diferente. Começamos a ver então que o Umbral não é o inferno, e que na verdade este último nem sequer existe como costumamos pensar.

Compreendendo essa questão de Céu e Inferno e relacionando-o com o Umbral e como isso se procede no plano astral, gostaríamos de fazer uma reflexão com todos vocês, pensemos juntos que se existisse o Céu e os seus Anjos criados por Deus para fazer o bem constantemente, e ao mesmo tempo existisse o inferno e o Diabo, também criado por Deus, a fim de fazer constantemente o mal e nunca se melhorar, não seria aí uma contradição àquilo que acreditamos ser Deus? Sim, pois se Deus é todo bondade, todo amor, todo perdão, se Deus não faz diferença para com seus filhos, querendo o bem de todos, como ele poderia ser tão injusto ao ponto de criar um Anjo que será sempre bom e um Diabo que será sempre mal, não dando oportunidade para este último se melhorar, e ainda, se o Criador é todo perdão, porque nos colocaria a sofrer penas pelo resto da eternidade, nos fazendo sofrer infinitamente em mares de fogo? Será que nosso amado Criador seria capaz de tal atrocidade? Será que não é muito mais compreensível entendermos que temos o livre arbítrio, e que a semeadura é livre, porém, a colheita é obrigatória?

Vejam que falamos constantemente que no Umbral se reúnem espíritos com enfermidades mentais, isto é, pensam a todo momento sobre vingança, sentem dor, medo, ódio, relembram das coisas da matéria, são extremamente apegados à sua última encarnação, enfim, podemos ver claramente que a mente desses seres está em total desequilíbrio, e é exatamente isto que devemos observar com clareza, pois eles mesmos se colocam em tal posição, através de um processo inteiramente mental. Isso não é diferente quando estamos encarnados, pois quantas vezes pensamos o dia todo coisas negativas, como preocupações com doenças, brigas com chefe, com mãe, com filho, contas para pagar, o que em muitos casos ficamos até com dor de cabeça. Pois é, vejam que nos colocamos em uma situação de viciação mental frente à problemática em que estamos passando, e quando vamos desabafar geralmente falamos: “Que Inferno está esse dia”, da mesma forma quando estamos felizes e tranquilos falamos: “Isso aqui é o paraíso”. Vejam que é interessante observarmos tais situações com atenção, pois podemos enxergar claramente que quem faz o seu céu e seu inferno somos nós mesmos, através de nossos atos, pensamentos e sentimentos diários, e Céu e Inferno são apenas alegorias de palavras que utilizamos para expressar o que estamos sentindo, mas não um lugar exato.


Portanto, como os espíritos mesmos falaram em resposta à Kardec, “cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça”, criando seu próprio Céu ou seu próprio Inferno.

Referências:
"O Livro dos espíritos" - Allan Kardec