Salve a todos os amigos leitores, no dia de hoje viemos com a proposta de desmistificar a ideia de Céu e Inferno que nos foi imposta por tanto tempo. Buscamos ainda fazer uma analogia do Inferno ao Umbral, demonstrando e explicando suas diferenças.1012. Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seus merecimentos?
“Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao
grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua
felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar
circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa.
Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme
é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.”
Já nessa primeira pergunta e
resposta começamos a ver certos dogmas caírem por terra não é mesmo? Vejam que
os espíritos já explicam que essa ideia de céu e inferno se relaciona com a
felicidade do ser. Porém, vai além, nos mostra que o céu e o inferno como
locais específicos não existem.
— De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso
não existem, tais como o homem os imagina?
“São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e
inditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma
ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são
perfeitos.”
A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação
do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as
coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender.
Vejamos que nessa segunda
resposta os espíritos já comentam sobre a lei de afinidade vibratória, isto é,
os espíritos com o mesmo tipo de pensamento e sentimento acabam por se
reunirem, por serem afins uns com as energias e sensações do outro, ficando
todos juntos e reunidos em certa localização.
Começamos então a compreender que
essa ideia de céu e inferno como nos foi transmitida há tempos não procede,
pois embora alguns espíritos sofram sim em conjunto, isto não significa que há
um local destinado para penas eternas ou gozos eternos, conforme os espíritos
nos elucidam.
Diante destas afirmações e respostas
dos espíritos, alguns irmãos podem ter a seguinte dúvida, mas se o inferno como
foi nos passado é um local de sofrimento, e o Umbral, palavra trazida nas
diversas obras pelos espíritos, também o é, não seria o Umbral o próprio
inferno, porém, apenas mudando a sua nomenclatura?
Não! Não seria, vejamos que
embora o Umbral seja uma localidade onde se aglomeram espíritos em sofrimento,
há grandes diferenças entre ele e o inferno, vamos ver algumas características
que nos possibilitarão enxergarmos melhor tal afirmação.
Em primeiro lugar temos que
observar quanto à localização do Umbral e do Inferno, vejam que o inferno como
foi nos trazido seria uma localidade abaixo, isto é, enquanto o céu ficaria no
em cima, em direção as estrelas, o inferno ficaria no embaixo, no subsolo
terreno. Porém, tal concepção já foi batida quando descobrimos que a Terra é
redonda, e podemos sair da mesma e ir em direção a outros planetas sem adentrarmos
no céu, assim como não há o embaixo na Terra, pois além de ser redonda a mesma varia
sua posição constantemente. Eis um Tabu que foi quebrado com o próprio avanço
da ciência. Quanto à localização do Umbral, embora nas obras sejam utilizadas
palavras como “baixo astral” e “umbral inferior”, tais termos são utilizados
para demonstrar que tais localidades são extremamente densas energeticamente,
claro está que o centro da terra é um local mais denso, e já vimos obras
relatando que nestas regiões ficam espíritos perigosos, porém, ainda não há o
que se falar em inferno nestas regiões, pois existem diversas localidades no
plano astral denominadas Umbral, não uma
localidade específica, como se o Umbral fosse em determinado local e pronto. Não é assim que
funciona, como falamos, os espíritos se reúnem em determinadas regiões por afinidade
de pensamento, e essas localidades podem variar de acordo com o tipo de
pensamento e sentimento que o espírito sente e vivência.
Vamos tentar exemplificar aqui
como ocorre essa afinidade, e demonstrar que se o inferno fosse assim como os
espíritos classificam o Umbral, teríamos também o inferno entre os vivos. Vejam
as localidades no plano físico denominadas por nós como crackolândias, por
exemplo, são localidades extremamente sujas, e quem se direciona a estes locais
são pessoas em processo vicioso e de dependência do crack. Vejam que todas
estas pessoas tem um pensamento afim, desejam e necessitam do crack, todas se
direcionam para o mesmo local e lá ficam, dormem, fazem suas necessidades, e
aos poucos o local começa a se transformar em um lixão humano. Pois é, essa
realidade é a que vivemos em quase todas, se não todas, as cidades de nosso
país. Quando falamos dessa afinidade entre espíritos, acontece a mesma coisa no
plano astral, porém, a problemática não é o vício pela droga, mas a viciação
mental, a problemática que ainda o perturba, seja ela qual for, sendo assim, os
espíritos com o mesmo tipo de enfermidade mental se reúnem em uma localidade do
plano astral, do qual tal localidade começa também a sofrer sua transformação,
porém, a mesma se dá devido aos pensamentos danosos emitidos pelos espíritos
que ali se encontram, que devido a plasticidade do plano astral, começa a ser
remodelada, ficando densa e com paisagem horripilante como vemos nas diversas
obras espirituais.
Há ainda mais uma diferença que
elencamos aqui, e da qual acreditamos ser uma das mais relevantes, isto é, a
ideia de inferno nos transmite penas eternas, ou seja, após a morte quem vai
para o inferno ficará eternamente em tal sofrimento, porém, quando falamos de
Umbral, vemos que tal eternidade em sofrimento não existe, tal localidade é um
período em que o espírito se encontrará até aprender sobre suas ações que o
levaram a tal região, quando tiver tomado certa consciência e querer se ajudar
poderá ser resgatado, como o caso de André Luiz, que no livro Nosso Lar
demonstra ter passado 8 anos no Umbral e depois foi resgatado, levado para uma
colônia que ensinava, auxiliava e o ajudou a hoje nos ajudar através de seus
livros. Vejam que é muito diferente a ideia de pena e castigo eterno com a
ideia de conscientização que os espíritos nos trazem, e ainda, não há a pena
eterna, mas apenas um período de tempo e depois do reajuste íntimo o espírito
tem a oportunidade de fazer diferente. Começamos a ver então que o Umbral não é
o inferno, e que na verdade este último nem sequer existe como costumamos
pensar.
Compreendendo essa questão de
Céu e Inferno e relacionando-o com o Umbral e como isso se procede no plano
astral, gostaríamos de fazer uma reflexão com todos vocês, pensemos juntos que
se existisse o Céu e os seus Anjos criados por Deus para fazer o bem
constantemente, e ao mesmo tempo existisse o inferno e o Diabo, também criado
por Deus, a fim de fazer constantemente o mal e nunca se melhorar, não seria aí
uma contradição àquilo que acreditamos ser Deus? Sim, pois se Deus é todo
bondade, todo amor, todo perdão, se Deus não faz diferença para com seus
filhos, querendo o bem de todos, como ele poderia ser tão injusto ao ponto de
criar um Anjo que será sempre bom e um Diabo que será sempre mal, não dando
oportunidade para este último se melhorar, e ainda, se o Criador é todo perdão,
porque nos colocaria a sofrer penas pelo resto da eternidade, nos fazendo
sofrer infinitamente em mares de fogo? Será que nosso amado Criador seria capaz
de tal atrocidade? Será que não é muito mais compreensível entendermos que
temos o livre arbítrio, e que a semeadura é livre, porém, a colheita é
obrigatória?
Vejam que falamos constantemente
que no Umbral se reúnem espíritos com enfermidades mentais, isto é, pensam a
todo momento sobre vingança, sentem dor, medo, ódio, relembram das coisas da
matéria, são extremamente apegados à sua última encarnação, enfim, podemos ver
claramente que a mente desses seres está em total desequilíbrio, e é exatamente
isto que devemos observar com clareza, pois eles mesmos se colocam em tal
posição, através de um processo inteiramente mental. Isso não é diferente
quando estamos encarnados, pois quantas vezes pensamos o dia todo coisas
negativas, como preocupações com doenças, brigas com chefe, com mãe, com filho,
contas para pagar, o que em muitos casos ficamos até com dor de cabeça. Pois é,
vejam que nos colocamos em uma situação de viciação mental frente à
problemática em que estamos passando, e quando vamos desabafar geralmente
falamos: “Que Inferno está esse dia”, da mesma forma quando estamos felizes e
tranquilos falamos: “Isso aqui é o paraíso”. Vejam que é interessante
observarmos tais situações com atenção, pois podemos enxergar claramente que
quem faz o seu céu e seu inferno somos nós mesmos, através de nossos atos,
pensamentos e sentimentos diários, e Céu e Inferno são apenas alegorias de
palavras que utilizamos para expressar o que estamos sentindo, mas não um lugar
exato.
Portanto, como os espíritos
mesmos falaram em resposta à Kardec, “cada um tira de si mesmo o princípio de
sua felicidade ou de sua desgraça”, criando seu próprio Céu ou seu próprio Inferno.
Referências:
"O Livro dos espíritos" - Allan Kardec