"Vidência" vs "Interpretação"

Quem nunca ouviu falar a respeito de alguém, algum conhecido(a), que tem a capacidade de enxergar ou perceber, em maior ou menor grau, as coisas do além? Acreditamos que muitas pessoas já vivenciaram alguma situação que envolva pessoas assim, que nos contam as coisas que captam com seus olhares mais apurados.

É em cima disso que queremos refletir e esclarecer algumas coisas para todos nós, que nos dedicamos em estudar e compreender os aspectos do Espírito e das realidades que nos cercam.

Entrando nesse mundo da visão extrafísica, vemos e ouvimos diversos relatos, desde os mais maravilhosos e complexos, com fundo de seriedade, até aqueles que beiram o ridículo, o fanatismo e o total desconhecimento das leis naturais que regem a todos. As questões que envolvem a capacidade da visão extrafísica, onde o indivíduo consegue perceber, em determinados momentos, a ação de energias que o cercam, a atuação de entidades em seus corpos perispirituais, são no mínimo delicadas de se tratar e envolvem diversos fatores, que irão contribuir para a veracidade ou não dessas vivências.

Como alguns amigos espirituais nos dizem, "não se deve confundir vidência com vivência e a interpretação desses fatos", pois quando fazemos isso estamos entrando no campo do fantasioso, do misticismo, coisas das quais todo médium, atuante ou não, deveria ter muito cuidado e lucidez para tratar.

O desenvolvimento da capacidade de vidência extrafísica que um indivíduo irá deter em sua caminhada como encarnado, e também desencarnado, se dá de acordo com as tarefas que tem para desempenhar no seu processo evolutivo, em determinado momento. Também se leva em conta o avanço psíquico desse indivíduo, aliado a sua capacidade moral de equilibrar a razão com a emoção, ou também, aliar o pensamento equilibrado com o sentimento elevado.

O centro energético que é responsável pela manifestação dessa faculdade do espírito, tão disputada nas lides espiritualistas, é o Chakra Frontal. O mesmo só funciona em equilíbrio quando ambos, Chakra Coronário e Chakra Cardíaco, se encontram em equilíbrio, formando essa tríplice de comunicação energética e interpretação equilibrada da vida com o Frontal.

É no Frontal que se une os impulsos provenientes da mente, advindos do Coronário, com as questões de emoções e sentimentos sutis do Cardíaco. Assim, o ser interpreta os impulsos que recebe nesse centro energético, que advém das realidades que ele se encontra interexistindo.

O que iremos perceber através da faculdade da vidência está intimamente ligado com a bagagem intelectual e moral que o indivíduo já possui, juntamente com o treinamento que esse Espírito realizou no período que se encontra desencarnado, fortalecendo esse centro energético e se aprofundando nas suas possibilidades. Esse treinamento não deve parar quando o mesmo se encontra encarnado, pois o médium que é dotado dessa capacidade mais intensa, deveria se utilizar de exercícios de visualização criativa e prática bioenergéticas que facilitem o constante equilíbrio do Chakra Frontal e seu aprimoramento, para que possa vencer os desafios que a dimensão física impõe ao mesmo para perceber outras realidades e expressões da vida.

Muitos desejam e afirmam ver Espíritos, dimensões além da matéria e coisas mais, mas poucos sabem como se processa esta faculdade do Espírito; pouquíssimos se preocupam em desenvolver as faculdades que já possuem, desconsiderando as mesmas por não serem aquelas que desejam, ou que lhes possibilitariam maior prestígio e reconhecimento dos seus colegas de trabalho nas diversas searas espiritualistas que se utilizam da mediunidade.

O médium de hoje em dia, em sua grande maioria, se vê nublado pelas influências do mundo de ilusões que é a matéria. Gostaria de ter maior intimidade, maior facilidade em perceber o panorama extrafísico e todos os espíritos, mas não se dedica o tempo necessário para abrir um bom livro e não somente lê-lo, mas sim estudá-lo como deveria. Todos gostam de bater o cartão semanal no terreiro ou no centro, dizer que fizeram sua caridade, que ajudaram os irmãos necessitados de amparo, que resgataram e encaminharam centenas de espíritos em sofrimento, mas não conseguem fazer uma prática de relaxamento ou meditação, quem sabe elevar o pensamento ao alto pra estabelecer uma conexão com seus guias ao longo de seus dias da semana cheio de tarefas e atribulações, os quais passam intensamente preocupados e mergulhados.

"Eu estou vendo teu guia fulano, ele está me falando isso e isso"; "Como teu anjo guardião é bonito, ele é assim... assim... e assim..."; "Estou vendo teu campo áurico, e xi... ta precisando de limpeza ein!"; "Fiz uma viagem astral com espíritos super elevados, conheci um espírito extraterrestre..." e por ai afora vai, toda essa quantidade de relatos e experiências que vemos, mas que na maior parte das vezes é fruto da imaginação que os médiuns criam, com aquilo que tem em suas mentes e que muitas vezes não é saudável.

Muitas vezes as pessoas que alegam ver guias e mais guias dos seus amigos e colegas, não conseguem ver, falar ou receber instruções dos seus próprios Espíritos protetores para darem um jeito em suas vidas que se encontram bagunçadas. Continuam doentes, desequilibrados emocionalmente, insatisfeitos e cheios de intrigas pra resolver, enquanto conseguem a solução e apontam toda a realidade que cerca aqueles que ouvem suas "revelações".

Nem precisamos entrar no caso dos médiuns que criam inúmeros relatos durante os trabalhos mediúnicos de suas casas espiritualistas, com o intento de suprir a falta de confiança em suas faculdades, sua falta de preparo mediúnico e conhecimento de si próprios e deus seus guias. A vaidade, desinformação e falta de cuidados tomam conta desses indivíduos, infelizmente.

Enfim, gostaríamos de trazer hoje esses apontamentos para que juntos, possamos pesquisar mais, refletir mais a respeito das diversas faculdades anímicas que são utilizadas nas reuniões mediúnicas, de centros espíritas, umbandistas e espiritualistas.

Vamos sempre repetir isso, não basta boa vontade, tem que ter o preparo, dedicação, conhecimento aliado ao bom senso e o amor.

Quem se diz médium de boa vontade, cheio de amor pelo que faz mas não move um dedo para buscar seu aprimoramento, infelizmente, não ama coisa alguma, somente a sua preguiça e seu ego.

Um médico para trabalhar salvando vidas, dando qualidade mental, física e espiritual para seus consulentes, não consegue executar sua tarefa apenas desejando ser um médico, tendo um sonho em salvar vidas e ter muito amor pelas pessoas, antes de tudo isso ele precisa passar por 10 anos ou mais se preparando, pra depois colocar seu amor naquilo que conhece com autoridade. O médium não pode ser diferente disso!

+Luz naUmbanda